Mandioca: preços recebidos pelos produtores reagem em 2003

            A produção nacional de mandioca da safra 2002/03 deverá situar-se em 22,1 milhões de toneladas, conforme estimativa da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1, o que representa uma queda de 3,63% em relação à safra passada. Os aumentos, estimados em 4,76% no Nordeste e em 0,56% no Norte, as duas maiores regiões produtoras do País, compensaram parcialmente as expressivas reduções verificadas nas regiões Sul e Centro-Oeste, respectivamente de 18,05 % e 21,70%, e também no Sudeste, de 2,31%.
            Nessas regiões, encontram-se os Estados cujas áreas de plantio são predominantemente voltadas para o mercado. São os casos de Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde os preços recebidos pelos produtores mantiveram-se muito baixos durante praticamente todos os meses de 2001 e 2002, face aos sucessivos aumentos de área nas três últimas safras, bem como a recuperação da produção nordestina no mesmo período.
            A elevação dos preços recebidos, verificada desde novembro passado, reflete a menor oferta, decorrente da redução de área nas principais regiões produtoras. Em São Paulo, o preço médio recebido pelos produtores foi de R$ 103,94 por tonelada em março, em comparação com R$ 40,01 no mesmo mês de 2002, de acordo com levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Descontado a inflação do período, de 34%, conforme o IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV), houve valorização de 126% no preço da raiz (figura 1).

Figura 1 – Preços médios de mandioca recebidos pelos produtores, Estado de São Paulo, 1996- 2003, corrigidos em reais de março de 2003 pelo IGP-DI da FGV

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            A tendência é de que os preços continuem a subir, mesmo quando se iniciar o arranquio das raízes da safra nova (de um ciclo) que deverá ser postergado para o final de maio quando acabar a mandioca da safra passada (de dois ciclos), cuja colheita ficou para a atual safra, uma vez que na anterior os preços estavam aviltados. No corrente mês (em 24/04/03), os preços recebidos pelos produtores paulistas estão variando de R$ 110,00/t na região de Assis a R$ 136,55/t na região de Presidente Wenceslau. No Paraná, na semana de 14/04/03 a 18/04/03, o preço médio recebido pelo produtor foi de R$ 172,84/t.
            Esse comportamento cíclico dos preços de mandioca tem se constituído num dos principais problemas dessa cadeia produtiva, pois dificulta a expansão e a consolidação de mercados alternativos ao da farinha de mesa, mesmo o da fécula que tem crescido nos últimos anos graças ao deslocamento de produtos obtidos a partir do amido de milho e até mesmo o da fécula natural como componente de farinhas mistas.
            A oscilação acentuada dos preços põe em risco, também, o desempenho das exportações, que em 2001 e 2002, apesar do volume ainda pequeno, registraram expressiva elevação, devido aos baixos preços e à taxa de câmbio favorável (tabela 1).

Tabela 1 – Exportações brasileiras de fécula de mandioca, 1996-2003

Item 
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Volume (t)
14.399
12.392
13.375
9.749
9.086
17.936
24.779
5.728
Valor (US$)
5.115.699
4.368.710
4.190.458
2.682.235
2.820.054
4.304.099
5.522.382
1.363.078
Preço médio (US$/t)
355
353
313
275
310
240
223
238
Fonte: SECEX – Secretaria de Comércio Exterior/Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 3

1 http://www.ibge.gov.br
2 Período de janeiro a março
3
http://www.mdic.gov.br

Data de Publicação: 06/05/2003

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor