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Ações Integradas ao Combate à Mosca Branca do Tomate no Brasil
Brasil A
produção mundial de tomate, em 2002, ultrapassou 107 milhões de toneladas e a
produtividade média ficou próxima de 27 mil quilos por hectare. Os principais
países com produção para indústria possuem as maiores quantidades produzidas,
com produtividade acima de 40 toneladas por hectare. Do total produzido no
mundo, cerca de 26% são destinados à industrialização (tabela 1). TABELA 1 – Área, produtividade e produção de tomate nos
principais países e estimativa da quantidade mundial para indústria, 2002
Foi este contexto que tornou o legume de grande importância após a metade do século XX. A importância sócio-econômica do tomate no mundo e no Brasil é similar à da batata, que é a olerícola de maior expressão no mundo. No entanto, é o crescimento do tomate industrial que tem permitido a expansão da quantidade produzida mundialmente, enquanto a taxa de crescimento do tomate para consumo in natura acompanha a da população. Perfil da produção no Brasil A quantidade de tomate produzida no Brasil, no biênio 2001/02, foi de cerca de 3,34 milhões de toneladas. Apenas Goiás, São Paulo e Minas Gerais responderam por 65% do total. A produção goiana é majoritariamente destinada à indústria (cerca de 90%), enquanto Minas Gerais produz para mesa e também para indústria. Goiás e Minas Gerais produzem cerca de 75% do tomate industrial do Brasil, cujo volume é atualmente de 1,2 milhão de t/ano. Já São Paulo representou, em 2001/02, cerca de 20% do total brasileiro destinado à indústria (235 mil t/ano), enquanto a produção média anual para mesa foi de 471,5 mil toneladas, o que torna o Estado o principal produtor de tomate para consumo in natura (e o maior mercado de tomate na América do
Sul). A produção paulista participa com 21% do total produzido no País, estando
entre os principais estados produtores que se situam no Centro-Oeste, Sudeste,
Sul e Nordeste do Brasil (tabela ). TABELA 2 - Área e Produção de Tomate no Brasil,1999-2002
Sugestões para implantação do Programa.
Sugere-se a criação de comissões técnicas nas esferas federal e estaduais para
definir as medidas a serem adotadas nos diversos níveis. Essas comissões devem
ter representantes da Secretaria de Defesa Agropecuária, da Embrapa-Hortaliças e
dos Institutos de Pesquisa da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios), além da extensão rural e da defesa agropecuária de cada estado.
Essa organização possibilitará o melhor desenvolvimento das ações, evitando
digressões. Conclusão Para
dar início ao programa de combate à mosca branca, é necessário que ainda neste
primeiro semestre de 2003 haja reunião com a presença de representantes da
Secretaria de Defesa Agropecuária, da Embrapa-Hortaliças, da APTA e das unidades
de extensão rural, entre outras, para definir as comissões propostas neste
artigo nos níveis federal e estaduais. TABELA 3 – Área e Produção de Tomate no Estado de São Paulo,
1990-2002 ¹A produção de tomate
industrial em 2000 foi de 27,061 milhões de toneladas, equivalente a 25,20% do
total, conforme World Procesing Tomato Counsil (em 10/05/2001). A produção de
tomate industrial nos nove países citados participa com 83,60% da quantidade
para indústria e 58% da produção geral. Para 2002, considerou-se 28 milhões de
toneladas de tomate indústria. ²FAO; http://www.fao.org.br ³PORTARIA SDA Nº 4, de janeiro de 2003. O Secretário de Defesa
Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no uso da
atribuição que lhe confere o art. 83, inciso IV, do Regimento Interno da
Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998,
e o que consta do Processo nº 21000.009954/2002-28, resolve: Art. 1º Submeter à consulta pública, pelo prazo de 30 dias, a contar da data de publicação desta Portaria, o Projeto de Instrução Normativa que disciplina o Manejo Integrado de Pragas do Tomate - Lycopersicon esculentumMill, cultivado para
uso industrial e para consumo 'in natura'. Art. 2º As respostas da
consulta pública de que trata o artigo anterior, uma vez tecnicamente
fundamentadas, deverão ser encaminhadas por escrito ao seguinte endereço:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa
Agropecuária / Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal / Coordenação de
Projetos de Plantas – Esplanada do Ministérios, Bloco 'D', Anexo 'B'. 3º andar,
Sala 348-B Brasília – DF, CEP: 7043-000, Fax: 226.6176 ou no endereço eletrônico
luizneves@agricultura.gov.br;
http://www.agricultura.gov.br
Fonte: FAO² - Production YearBook, Roma, 2003 v. 56 Países
(ha)
(kg/ha)
(em
toneladas)
Indústria no
País1
(%)
Produção Mundial
(%) China 974.462 26.134 25.466.211 Estados Unidos 164.000 62.500 10.250.000 Turquia 225.000 40.000 9.000.000 Índia 500.000 17.000 8.500.000 Itália 130.000 53.846 7.000.000 Egito 180.721 35.019 6.328.720 Espanha 60.800 59.211 3.600.000 Brasil 61.998 57.998 3.595.730 Irã 110.000 27.273 3.000.000 México 75.000 28.000 2.100.000 Grécia 38.500 51.948 2.000.000 Rússia 142.000 13.732 1.950.000 Chile 20.000 60.000 1.200.000 Portugal 18.000 62.889 1.132.000 Ucrânia 105.000 10.476 1.100.000 Usbequistão 28.000 35.714 1.000.000 Outros Países 1.164.445 17.886 20.827.005 Total 3.998.219 27.024 108.049.666
Devido ao estágio econômico do Brasil, o nível tecnológico da produção e as
reservas de água e solo favoráveis têm fornecido as condições para a expansão da
produção de tomate de mesa, mas principalmente para a cultura se firmar como
abastecedora de derivados de tomate processado dos mercados latino-americano e
da Ásia.
Para atingir esse objetivo, são necessárias ações de política agrícola integradas, no âmbito dos maiores estados produtores, e inseridas em sua região geoeconômica, de forma que a produção seja organizada para atender o abastecimento de tomate in natura e também para uso
industrial.
A mosca branca surge como um complicador, exigindo medidas por parte da
Federação no sentido de controlar essa praga que poderá dizimar a produção
nacional. Assim, no contexto da produção brasileira, são necessárias ações
integradas para que a execução do programa de combate a mosca dê resultados no
menor tempo possível.
Esta idéia motivou as reuniões da Câmara Setorial de Hortaliças, Cebola e Alho no Estado de São Paulo, cujas propostas de ações feitas em 2002 resultaram na Portaria da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento3, que solicita subsídios
para a implantação do programa no Brasil.
* Baseado na estimativa do mês de dezembro/2002 Goiás 10.677 10.196 10.514 12.512 759.009 712.448 721.525 951.410 São Paulo 13.040 11.487 10.060 11.939 748.600 653.020 709.500 765.990 Minas Gerais 12.174 9.682 10.245 9.936 655.026 532.380 626.580 631.985 Bahia 8.045 5.145 5.526 5.298 237.622 170.653 195.275 237.723 Pernambuco 2.282 2.028 2.446 4.387 73.358 89.227 92.241 206.630 Rio de Janeiro 3.252 3.362 3.342 2.703 180.430 193.328 197.398 163.134 Paraná 2.640 2.594 2.556 3.074 113.150 116.092 117.643 141.076 Santa Catarina 2.900 2.494 2.613 2.480 134.812 115.402 125.201 128.000 Espírito Santo 1.619 1.498 1.514 1.687 104.776 95.289 99.433 109.539 Rio Grande do Sul 2.925 2.824 2.739 2.730 100.793 102.757 98.658 102.153 Ceará 2.073 2.022 1.752 1.781 73.777 88.348 79.372 95.745 Outros Estados 2.928 3.388 3.551 3.180 69.238 79.813 79.465 70.055 Brasil 64.555 56.720 56.858 61.707 3.250.591 2.948.757 3.142.291 3.603.440
Fonte: IBGE/ Levantamento Sistemático da Produção Agrícola –
LSPA 4
O programa deve abranger estados com produção maior do que as 100.000 t/ano. Os
estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, por serem os maiores produtores de
tomate e de hortaliças, além de possuir condições climáticas e infra-estrutura
viária, devem ter integração de ações e medidas dessas comissões técnicas.
Em razão das características geográficas, climáticas e técnicas devido às formas
de cultivo, é necessário que se crie um programa de combate, identificação e
controle da mosca branca e do Geminivirus.
A presença dos pesquisadores da APTA e da Embrapa-Hortaliças na comissão de
pesquisa teria por função coletar, através de amostragem, dados estatísticos nas
propriedades produtoras de tomate sobre a mosca branca e, assim, identificar a
espécie e detectar qual o tipo de vírus que estaria ocorrendo em que região.
Dessa maneira, a comissão de pesquisa, através da propriedade sorteada
estatisticamente, instalará armadilhas visando à captura, identificação da mosca
e avaliação do nível de infestação do Geminivirus. Essa medida é que
possibilitará elevar a eficácia do controle da praga nos estados.
A partir desses dados, a comissão técnica para o combate da mosca deve ter
integrantes da extensão rural, da defesa agropecuária e da saúde, para promover
as medidas de combate e outras ações decorrentes da aplicação de defensivos.
Entre as medidas a serem adotadas, destacam-se: uso do Equipamento de Proteção
Industrial (EPI); elaboração de lista de defensivos permitidos e tempo de
carência da droga; cadastro de produtores de mudas e instruções técnicas para o
controle da sanidade; avaliação regional do programa de combate, considerando os
produtores de tomate para mesa e indústria, produtores de hortaliças e outras
plantas hospedeiras. É de grande importância a avaliação de resíduos no tomate
de mesa e dos defensivos aplicados, assim como a análise da água para avaliar a
lixiviação de resíduos.
Nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste brasileiro, seria importante a
avaliação da quantidade produzida de tomate para mesa e para indústria tal como
é realizado pelo IEA/CATI no Estado de São Paulo (tabela 3).
Em São Paulo, existe a iniciativa de empresas que propõem o controle integrado,
com a redução do uso de pesticidas, proteção ao meio ambiente, etc. Além disso,
entomologistas dos Institutos de Pesquisa da APTA, bem como da Embrapa, poderiam
detalhar o programa e elaborar diagnósticos precisos.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola/Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral
Data de Publicação: 03/04/2003
Autor(es):
Waldemar Pires de Camargo Filho (camargofilho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Humberto Sebastiao Alves (hsalves@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor