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Feijão: Situação Atual E Perspectivas Para A Safra Da Seca 2000/01
Em
janeiro deste ano, o valor mais freqüente de preços médios diários recebidos
pelos produtores de feijão do Estado de São Paulo foi de R$50,00 a saca de 60
quilos. Mas, nos últimos dias do mês, o preço chegou até R$55,00 nas principais
regiões produtoras de feijão, principalmente nos Escritórios de Desenvolvimento
Rural (EDRs) de Avaré e de Barretos. Considerando que o 'fundo do poço' foi o
valor de R$ 38,00 a saca, atingido em alguns dias de novembro e início de
dezembro de 2000, o preço diário modal de janeiro deste ano teve crescimento de
32%. Em relação ao preço médio diário alcançado nos últimos dias de janeiro, de
R$55,00, o acréscimo chega a 45%. Acrescente-se que, em 2000, o preço médio
diário máximo alcançado pelos produtores paulistas foi de R$65,00 a saca,
verificado em 26 de julho (nos EDRs de Avaré, Barretos e Presidente Prudente),
devido ao impacto econômico pós- geada. (Figura 1).
O preço recebido pelos produtores paulistas em janeiro de 2001 está próximo ao
valor médio, de R$54,35, do período 1996-2000 (em termos reais de dezembro
2000), de modo que o valor atual não está fora do padrão histórico. O valor
deste ano está 31% acima em relação ao do mesmo período do ano anterior (em
termos reais), quando alcançou R$38,76 a saca. Nota-se, também, que o preço
recebido em janeiro de 2001 não está muito distante do preço máximo recebido no
ano passado, de R$54,00 em agosto, após a geada ocorrida em julho daquele ano.
Considerando o período 1996-2001, o maior preço que os produtores paulistas
receberam no mês de janeiro foi de R$83,00 (valores corrigidos para dezembro de
2000) em 1999, influenciado pela escassez do produto ao longo de 1998, em
decorrência do fenômeno climático El Niño (1997/98) que fizera estrago na
cultura de feijão, com severa estiagem nas regiões Norte e Nordeste do país e
com excesso de chuvas no Sul (Figura 2).
O preço médio diário recebido pelos produtores nacionais no dia 31/01/01,
considerando as principais praças de comercialização, foi de R$33,92 a saca. Os
melhores mercados para os produtores foram Ponta Grossa (PR), com R$55,00
(contra R$37,00 do mês anterior), Goiânia (GO), com R$53,00 (contra R$40,00 do
mês anterior), Irecê (BA), com R$55,00 (contra R$35,00 do mês anterior) e Unaí
(MG), com R$49,00 (contra R$29,00 do mês anterior). Esses preços sinalizam certa
escassez do produto nesses mercados, pelo menos o de melhor classificação.
Essa diferença nos preços, entre regiões, pode estar em parte relacionada aos
estoques governamentais de cada Estado produtor. Segundo a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), os estoques governamentais (AGF e Contrato de Opção), em
31/01/01, totalizaram 459 mil toneladas, dos quais 60 mil toneladas de Goiás,
254 mil toneladas do Paraná e 145 mil toneladas de Santa Catarina (o Estado de
São Paulo estava sem estoque governamental nessa data).
A oferta, na zona cerealista de feijão na cidade de São Paulo, segundo Bolsinha
Informs, teve a seguinte origem em 18/01/01: São Paulo (86,2%) e Paraná (13,8%).
Em 01/02/01, a origem foi: São Paulo (80,6%), Paraná (12,9%) e outros Estados
(6,5%).
Encerrada a safra das águas no Estado de São Paulo, inicia-se em janeiro o
plantio da safra da seca. Os produtores paulistas, que cultivaram o feijão da
seca em 2000, obtiveram os seguintes preços médios por saca (em valores
atualizados para dezembro de 2000): R$40,76 (maio/00), R$41,45 (junho/00),
R$47,96 (julho/00) e R$54,21 (agosto/00). Foram considerados os melhores meses
de 2000 em termos de preços recebidos pelos produtores. Esses valores, embora
não permitam lucros excepcionais, possibilitaram a realização de lucro líquido
positivo.
A perspectiva para a safra da seca 2000/01 é de manutenção da área, com
possibilidade de aumento até 5% em relação ao ano anterior, levando-se em conta
os preços recebidos pelos produtores paulistas até o momento, de R$50,00 a saca,
ou até R$55,00, e com perspectivas de sustentação ou ainda de aumento nos preços
nos próximos meses, e ainda considerando os preços obtidos na safra passada.
Os produtores de feijão da seca no Estado de São Paulo são na maioria também
produtores de feijão das águas. Estes últimos estão ainda traumatizados com o
desempenho econômico da safra das águas 1999/00. Os levantamentos estatísticos,
tanto da Conab como do IEA-CATI em fevereiro, dirão concretamente como estão os
ânimos dos produtores em relação à safra de feijão da seca.
Data de Publicação: 07/02/2001
Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor