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Feijão: Menor Oferta Na Safra Das Águas 2000/01
Os
preços médios diários recebidos pelos produtores de feijão do Escritório de
Desenvolvimento Rural (EDR) de Avaré, Estado de São Paulo, em outubro, foram
decrescentes, assim como os preços modais de feijão Carioquinha tipo 1 na zona
atacadista da cidade de São Paulo. Em 2 de outubro, estavam em R$50,00 a saca de
60 quilos, terminando em R$40,00 em 31 de outubro, com queda de 20% no período.
Paralelamente, o preço modal diário no atacado estava em R$55,00, finalizando em
R$48,00 a saca de 60 quilos, com queda de 13%. Em relação aos respectivos preços
verificados em primeiro de agosto, de R$60,00 (produtor) e R$66,00 (atacado),
representa uma queda muito significativa (Figura 1).
Os
preços no varejo não refletiram totalmente a situação acima mencionada.
Levantamento efetuado em uma grande rede varejista de São Paulo, no dia 31 de
outubro, mostrou que o saco de um quilo para o consumidor estava variando entre
R$1,20 e R$2,40, sendo que havia várias marcas de empacotadores com preços entre
R$1,60 e R$2,00 por quilo. Para efeito de comparação, considerando-se uma margem
de comercialização de 50% no atacado e um preço de R$50,00 a saca de 60kg, o
preço ao consumidor seria de R$1,25/kg, o que significaria, neste caso, que o
feijão de primeira no atacado estaria equivalendo ao preço de feijão mais barato
ao consumidor.
Na segunda quinzena de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
enviou seus técnicos para o levantamento da intenção de plantio da safra 2000/01
na Região Centro-Sul. Os resultados deverão ser divulgados em novembro pelo
ministro da Agricultura, e então se poderá verificar se houve queda na área e
produção do feijão das águas.
A série histórica de área, produção e produtividade levantada pela CONAB, indica
que o Estado do Paraná, maior produtor de feijão das águas, evoluiu de 258 mil
toneladas (em 1989/90) para 378 mil toneladas em 1999/2000. A Bahia, segundo
produtor nacional de feijão das águas, evoluiu de 70 mil toneladas (em 1989/90)
para 313 mil toneladas na última safra. O Estado de São Paulo, ao contrário,
teve queda na produção, passando de 122 mil toneladas (em 1989/90) para 86 mil
toneladas (em 1999/2000). Outro Estado que teve crescimento vertiginoso na
produção de feijão das águas foi o de Goiás, que passou de 3,4 mil toneladas (em
1989/90) para 102 mil toneladas na última safra. Neste Estado a produtividade de
feijão das águas, que em 1989/90 foi de 272kg/ha, passou para 1.800kg/ha em
1999/2000, um salto em produtividade que ocorreu a partir de 1997/98, crescendo
acima de 1.700kg/ha. A produtividade de feijão das águas do Estado de São Paulo,
segundo a CONAB, chegou apenas ao patamar de 1.100kg/ha nas últimas três safras.
Em 05/10/00, a oferta por origem na Bolsinha de Cereais, segundo a Bolsinha
Informs, teve a seguinte participação: 88,0% de São Paulo, 7,4% de Minas Gerais
e 3,7% de Goiás. Em 26/10/00, a oferta por origem teve participação de 80,0% do
Estado de São Paulo e de 6,7% para cada um dos Estados de Pernambuco, Minas
Gerais e Goiás.
O preço médio mensal recebido pelos produtores de feijão, em outubro, de R$43,71
a saca, está 20% abaixo do preço verificado no mesmo mês do ano passado, porém
15% acima do preço de outubro de 1997, em termos reais, não sendo, portanto, o
pior preço recebido dos últimos anos.
Aguarda-se o desempenho econômico da safra das águas 2000/01 para se ter idéia
sobre a formação dos preços, valendo a pena ressaltar que nesta safra o clima
para a cultura de feijão não está tão favorável ao desenvolvimento e
florescimento, pois segundo os meteorologistas agrícolas há ocorrência de
estiagem e altas temperaturas.
Assim, espera-se, em novembro, as primeiras colheitas da safra de feijão das
águas 2000/01 em quantidades pequenas e, portanto, muito valorizadas, explicada
em parte pelas suas características de demanda inelástica.
Data de Publicação: 08/11/2000
Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor