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Máquinas Agrícolas: Forte Avanço Nas Exportações
No
primeiro semestre de 2000, a indústria brasileira de máquinas agrícolas
automotrizes vendeu 15.434 unidades, representando incremento de 3,3% sobre
igual período de 1999. Esse melhor desempenho do total de venda deve-se à
retomada das exportações de tratores de rodas que no período avançaram em 31,5%
(2.451 unidades no primeiro semestre de 2000 contra apenas 1.864 no mesmo
período do ano anterior) (Tabela 1). Entretanto, apesar desse aumento das
exportações (devendo fechar o ano com cerca de 5.000 máquinas exportadas), o
patamar até agora alcançado será ainda bastante inferior ao volume exportado em
1998, quando foram destinadas ao mercado externo cerca de 6.420 máquinas.
TABELA 1 - Produção, Vendas e Exportação de Máquinas Agrícolas Automotrizes1,
Brasil, 1o Semestre de 1999 e de 2000
(em unidade)
Item | | (b/a-1) x
100 (%) | |
1999 (a) | 2000 (b) | ||
Trator de roda | |||
Produção | 11.254 | 11.382 | 1,1 |
Vendas no mercado interno | 9.865 | 9.769 | -1,0 |
Exportação | 902 | 1.616 | 79,2 |
Subtotal das vendas | 10.767 | 11.385 | 5,7 |
Colhedoras | |||
Produção | 2.064 | 2.062 | -0,1 |
Vendas no mercado interno | 1.803 | 1.837 | 1,9 |
Exportação | 354 | 294 | -16,9 |
Subtotal das vendas | 2.157 | 2.131 | -1,2 |
Máquinas agrícolas1 | |||
Produção | 15.280 | 15.408 | 0,8 |
Vendas no mercado interno | 13.072 | 12.983 | -0,7 |
Exportação | 1.864 | 2.451 | 31,5 |
Total das vendas | 14.936 | 15.434 | 3,3 |
1Incluem cultivador motorizado, trator de esteira, trator de roda,
colhedoras e retroescavadoras.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(ANFAVEA).
Apesar
da manutenção da recessão econômica em alguns mercados das exportações
brasileiras de máquinas (sobretudo o argentino), o esforço em diversificar os
destinos tem facilitado essa recuperação nas exportações.
As vendas no mercado interno de máquinas no primeiro semestre de 2000
mantiveram-se estáveis (redução de 0,7% comparando-se com o primeiro semestre de
1999). A análise por tipo de máquina revela, entretanto, expansão nas vendas de
colhedoras com incremento de 1,9%, enquanto os tratores de rodas declinaram em
1,0%. As vendas de tratores de rodas são historicamente menores nos primeiros
semestres apresentando substancial aumento a partir do início do novo ano
agrícola (momento em que as vendas de tratores de rodas atingem o máximo
sazonal). Assim, apesar dessa pequena queda nas vendas de tratores, para o
próximo período espera-se incremento nos negócios, podendo superar o número de
tratores comercializados em 1999. Outra máquina que apresentou melhor desempenho
no primeiro semestre de 2000 foi o cultivador motorizado, com comercialização de
502 unidades ante as 392 unidades observadas em 1999 (crescimento de 28,1%).
Em 2000, a liderança nas vendas de tratores de rodas,
que isoladamente representam mais de 75% desse mercado, continua pertencendo à
AGCO do Brasil com 3.137 unidades comercializadas, seguida pela New Holland
Latino Americana e Valtra do Brasil (Valmet), transacionando 2.504 e 2.290
tratores, respectivamente, concentrando, essas três montadoras, 81,2% do total
desse mercado. A Yanmar do Brasil foi a empresa que mais importou, tendo trazido
do exterior 73 unidades e produzido localmente apenas 262 tratores.
Com a reestruturação mundial da Massey Ferguson, a AGCO do Brasil será a
responsável pela exportação de tratores com 65 e 75cv para os Estados Unidos,
estando já contratadas 700 unidades para 2000 e com potencial de expansão para
até 3,4 mil unidades em 2001.
A hipótese de aumento na produção e vendas (sobretudo no mercado interno) poderá
ser confirmada se tiverem êxito os esforços como o que viabilizou a implantação
do MODERFROTA. Para esse plano, aprovado pelo Conselho Monetário Nacional em
março de 2000, foram alocados R$800 milhões destinados à aquisição de máquinas
agrícolas automotrizes através do FINAME agrícola (principal fonte financiadora
das aquisições).
As negociações entre a ANFAVEA e o Governo estabeleceram que os R$800 milhões
disponibilizados em 2000 fazem parte de uma verba total de R$1,6 bilhão
disponibilizada para o programa. Caso os R$800 milhões não sejam suficientes
para atender toda a demanda antes do término do ano, pode-se desbloquear a outra
parcela evitando, assim, que o programa sofra descontinuidade por esgotamento
dos recursos.
As condições contratuais são: juros de 8,75% a.a. para produtores com renda até
R$250 mil (e de 10,25% para rendas acima desse patamar) e ampliação para seis
anos do prazo para quitação do financiamento de tratores e oito para as
colhedoras. Fontes ligadas ao setor estimam que até junho de 2000 tenha sido
contratado 15% desse total, fortemente concentrada durante a semana do AGRISHOW.
O cenário de expansão econômica (brasileira e internacional), somado à queda nas
taxas de juros domésticas e à estabilidade no câmbio, constitui ambiente
favorável para o investimento na aquisição de máquinas por parte dos produtores.
Também, o movimento de transferência de unidades fabris situadas em outros
países para suas congêneres brasileiras e o surgimento de novos fabricantes
(chineses e poloneses) ampliam as possibilidades de consolidação do País como
plataforma mundial na produção e exportação de máquinas agrícolas automotrizes,
aumentando, ainda, a competição no mercado doméstico com vantagens para os
agricultores.
Data de Publicação: 04/08/2000
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor