Defensivos Agrícolas: Indústria Otimista Em 2000

            As vendas totais de defensivos agrícolas no Brasil, em 1999, segundo estimativas preliminares, atingiram US$2,35 bilhões contra US$2,57 bilhões no ano anterior, o que representa decréscimo de 8,8% no faturamento do setor, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Agrícolas (SINDAG). Esse fenômeno é reflexo do: a) aumento significativo dos preços pagos pelos agricultores (resultado da desvalorização cambial associada à forte dependência dos ingredientes ativos importados pelo setor); b) crédito agrícola de custeio mais restrito; c) endividamento do setor agrícola e d) baixos preços das commodities agrícolas e conseqüentemente dos preços recebidos pelos produtores.
            O mercado de defensivos agrícolas em 1999 também ressentiu-se com os distúrbios climáticos (frio e estiagem) que afetaram algumas regiões brasileiras. Nos principais estados produtores de soja e milho, o atraso no plantio também provocou a retração no consumo de defensivos. Na horticultura, que inclui batata e tomate (cultivos de alta utilização de defensivos, principalmente de fungicidas), o clima frio e seco reduziu a evolução de doenças e diminuiu o uso de defensivos, reduzindo as despesas dos agricultores.
            Todos os segmentos dessa indústria apresentaram resultados econômicos negativos em 1999, quando comparados com os do ano anterior, excetuando-se os inseticidas. Os herbicidas responderam, em 1999, por 50% das vendas totais, sendo que o faturamento do segmento decresceu 14,3% (US$1,17 bilhão em 1999 contra US$1,37 bilhão em 1998). As vendas de fungicidas apresentaram diminuição de 6%, indo de US$435,9 milhões em 1998 para US$409,5 milhões em 1999. O segmento dos inseticidas, representando 26,2% das vendas totais e faturamento de US$615,4 milhões, foi o único que apresentou acréscimo nas vendas (6,2%), destinadas principalmente para algodão, milho e soja.
            A comercialização de acaricidas foi a que mais se retraiu (25,7%) no referido período, movimentando US$83,9 milhões em 1999. O segmento 'outros', que engloba reguladores de crescimento, maturadores, antibrotantes e adjuvantes para a linha de herbicidas, teve decréscimo de 14,9% nas vendas. Esse segmento possui uma representação pequena nas vendas do setor, respondendo por apenas 2,7% do total.
            Em dezembro de 1999, constatou-se repentina melhoria nas vendas com incremento de 66% na comercialização de herbicidas, 30,8% nos inseticidas e 11,2% nos fungicidas, quando comparada com as vendas observadas no mesmo mês de 1998.
            O setor inicia 2000 com perspectivas positivas para as vendas. No primeiro bimestre, o faturamento ficou em US$169,5 milhões, valor 14,8% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior (US$147,7 milhões). Esse melhor desempenho pode ser explicado pelo aumento do consumo na cultura da soja (dessecação e doenças de final de ciclo), aplicação de herbicidas e inseticidas no milho safrinha, uso de inseticidas na cultura do algodão e maior demanda no mercado de citros, em função da elevada incidência de pragas e doenças no início do presente ano.
            Os diversos segmentos do setor obtiveram resultados positivos para a indústria. No período de janeiro-fevereiro de 2000, as vendas de herbicidas aumentaram 15,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$57,8 milhões, com os negócios voltados especialmente para cana-de-açúcar, milho safrinha e soja. No segmento dos fungicidas, o aumento no valor das vendas foi de 3,6%, passando de US$28 milhões no primeiro bimestre de 1999 para US$29 milhões no mesmo período de 2000. Quanto aos inseticidas, as vendas apresentaram aumento de 21,4% perfazendo US$69,6 milhões em janeiro-fevereiro de 2000. No caso acaricidas, o valor comercializado girou em torno de US$7 milhões, com incremento de 7,3 %, destinadas na maior parte para citros (Tabela 1).
Tabela 1 - Vendas de Defensivos Agrícolas, por Classe, Brasil,
Janeiro e Fevereiro de 1999 e Janeiro e Fevereiro de 2000
(em US$1.000)

Classe
Jan.-fev./99
(a)
Jan.-fev./2000
(b)
Variação
(b)/(a)
(%)
Herbicidas
49.887 
57.821 
15,9
Fungicidas
27.959 
28.964 
3,6
Inseticidas
57.336 
69.633 
21,4
Acaricidas 
6.541 
7.017 
7,3
Outros1
5.959 
6.112 
2,6
Total
147.682 
169.547 
14,8

                1Engloba antibrotantes, reguladores de crescimento, óleo mineral e espalhantes adesivos.
                Fonte: SINDAG.

            As expectativas de vendas do setor para 2000 são melhores que o desempenho observado em 1999. Esse otimismo decorre, em parte, da recuperação nos preços recebidos pelos produtores de soja, milho e café, além da acomodação do câmbio em patamar considerado adequado. Caso também ocorra recuperação dos preços do açúcar, o desempenho de vendas do setor pode ser ainda melhor, uma vez que a cana-de-açúcar é um dos cultivos de maior consumo de herbicidas.


  
 

 

Data de Publicação: 01/03/2000

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor