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Máquinas Agrícolas Automotrizes: Vendas Surpreendem
No
período de janeiro a setembro de 2000 foram produzidas 26.223 máquinas
agrícolas, retomando-se a trajetória de incremento da produção iniciada em 1996,
a qual foi momentaneamente interrompida após a medida da desvalorização cambial.
Comparando-se com a produção de igual período do ano anterior, verifica-se
crescimento de 16,1%, com vendas no mercado interno aumentando em 17% (ou
incremento de 3.330 máquinas) e grande ampliação das exportações com crescimento
de 48% (mais 1.300 máquinas). Esse melhor desempenho das exportações decorre do
ganho de competitividade auferido pelo produto brasileiro depois da
desvalorização cambial. No agregado (mercado interno mais exportações) foram
comercializadas 26.971 máquinas frente às 22.341 negociadas em igual período de
1999 (Tabela 1).
TABELA 1- Produção, Vendas e Exportação de Máquinas Agrícolas Automotrizes1,
Brasil, 1999-2000
(em unidade)
Item | | Crescimento
porcentual | |
1999
(a) | 2000
(b) | ||
Trator de roda | . | . | . |
Produção | 17.003 | 20.586 | 21,1 |
Vendas no mercado interno | 15.411 | 18.400 | 19,4 |
Exportação | 1.393 | 2.702 | 94,0 |
Total das vendas | 16.804 | 21.102 | 25,6 |
Colhedoras | . | . | . |
Produção | 2.774 | 2.766 | -0,3 |
Vendas no mercado interno | 2.104 | 2.527 | 20,1 |
Exportação | 425 | 430 | 1,2 |
Total das vendas | 2.529 | 2.957 | 16,9 |
Total de máquinas agrícolas | . | . | . |
Produção | 22.588 | 26.223 | 16,1 |
Vendas no mercado interno | 19.633 | 22.963 | 17,0 |
Exportação | 2.708 | 4.008 | 48,0 |
Total das vendas | 22.341 | 26.971 | 20,7 |
1Inclui cultivadores motorizados, tratores de
esteira, tratores de roda, colhedoras e retroescavadoras.
Fonte: Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA, 2000).
O
expressivo crescimento das vendas no mercado interno decorre, em parte, da
melhoria da renda dos produtores ao longo de 1999 e que em alguns casos
manteve-se nos primeiros meses de 2000 (produtores de milho e de algodão).
Adicionalmente, a implementação do MODERFROTA (programa de financiamento para a
renovação da frota de tratores de rodas e colhedoras), facilitou bastante as
condições de pagamento na aquisição de novas máquinas por parte dos produtores e
empresas agropecuárias, sobretudo as usinas e destilarias de açúcar e álcool.
Essa segunda hipótese pode ser comprovada através do declínio nas vendas dos
tratores de esteira e de retroescavadoras nacionais em -12,3% e -1,5%
respectivamente (essas máquinas não contam com a facilidades do referido
programa).
Na análise por tipo de máquina, constata-se que o maior crescimento ocorreu
entre os tratores de rodas com elevação de 19,4% (ou mais 2.989 máquinas no
período de janeiro a setembro de 2000), seguidos pelas colhedoras com 20,1% (ou
incremento de 423 máquinas). No caso dos cultivadores, após apresentar no
primeiro trimestre forte expansão das vendas, houve perda do ritmo ao longo do
ano (até setembro) com crescimento de 11,3%. Políticas públicas como PRONAF
podem responder em parte pelo substancial aumento das vendas no mercado interno.
A indústria de máquinas agrícolas brasileiras, através do esforço de seus
fabricantes, empenha-se na diversificação dos destinos das exportações
diminuindo, significativamente, a dependência dos sócios membros do MERCOSUL. A
recuperação das exportações vem contribuindo decisivamente para o dinamismo do
setor que pode encerrar o ano com comercialização no mercado externo de 6 mil
máquinas agrícolas.
A elevação das exportações em termos de unidades físicas (de janeiro a setembro
de 2000 em relação ao mesmo período do ano anterior) foi de 48%, enquanto que em
termos de saldo cambial apurado o crescimento foi de apenas 2,63%, indicando
diminuição no valor médio das transações, ou seja, prevaleceram os negócios com
produtos mais baratos (tratores leves, por exemplo) (Figura 1).
Figura 1 - Quantidade e Valor das Exportações Brasileiras
de Máquinas Agrícolas, Janeiro a Setembro de 1999 e de 2000.
Fonte: Carta ANFAVEA, n.173, out.2000.
As
vendas de tratores de rodas tendem a manter o crescimento atual, pois a demanda
por crédito do FINAME-agrícola através de seu programa vinculado ao MODERFROTA
tem se ampliado. Desde a implementação dessa linha de financiamento foram
concedidos R$738 milhões de financiamento (no acumulado entre janeiro e agosto).
Os fabricantes de tratores estimam que, em 2000, deverão comercializar cerca de
25 mil tratores de rodas. A liderança nas vendas no atacado pertence à montadora
AGCO do Brasil (antiga MF), seguida pela New Holland Latino Americana,
distribuindo 5.814 e 4.510 máquinas nacionais entre janeiro e setembro de 2000
respectivamente, concentrando, ambas as montadoras, 46% do total desse mercado.
A frota brasileira de máquinas agrícolas ainda é pequena, com o País
apresentando um dos mais baixos índices de mecanização de sua agricultura,
quando comparado com países de iguais dimensões. No Brasil, a proporção é de um
trator para 116,3ha enquanto nos EUA esse indicador é de 36,5ha e de 61,3ha no
Canadá. O mesmo pode ser constatado para o segmento de colhedoras em que cada
equipamento brasileiro opera em 1.078,6ha muito abaixo dos 264,4ha estadunidense
e 292,6ha canadense. Se, por um lado, essas comparações evidenciam que o País
precisa incrementar as vendas de máquinas para se aproximar dos padrões
prevalecentes noutros países, por outro, fazem do mercado brasileiro um dos mais
promissores para o segmento em âmbito mundial, e não por acaso o destino
preferencial dos novos investimentos em plantas montadoras.
Data de Publicação: 01/11/2000
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Roberto de Assumpçao (rassumpçao@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor