Artigos
Fertilizantes: Consumo Recorde Pode Repetir-se Em 2001
As entregas de fertilizantes ao consumidor final, no Brasil, atingiram quantidade recorde em 2000, perfazendo 16,4 milhões de toneladas do produto contra 13,7 milhões em 1999 (aumento de 19,7%). Entre os fatores que colaboraram para o incremento da demanda, destacam-se: a) aumento da adubação na cana-de-açúcar, associado à substancial renovação de áreas cultivadas com a lavoura; b) melhora nas relações de troca do milho, do algodão e da soja; c) antecipação das aquisições por parte dos produtores de soja e de milho; e d) crescimento de 8,1% na área plantada da 1a safra de milho 2000/01 em relação à safra anterior, assim como da área de
algodão (11,9%) e de soja (0,8%), de acordo com o levantamento de fevereiro de
2001 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em 2000 o maior consumo de fertilizantes contribuiu para o aumento da produtividade agrícola de diversas culturas. Segundo estimativas da Conab, o algodão deverá apresentar incremento produtividade de 7,2% na safra 2000/01 em relação à safra anterior; o milho 1a safra, de 11%; e a soja, de 6,7%.
Contrariamente, os produtores de café, arroz, feijão e laranja tiveram queda do
poder aquisitivo para a compra de fertilizantes, em comparação com 1999, devido
aos baixos preços recebidos (tabela 1).
De acordo com o critério de regionalização do Sindicato da Indústria de Adubos e
Corretivos Agrícolas, no Estado de São Paulo (SIACESP), observou-se em 2000
acréscimo nas entregas de fertilizantes ao consumidor final em todas as regiões:
no Centro, de 19,1%; no Sul, de 20%; no Nordeste, de 24,4%; e no Norte, de
32,9%. O incremento nas vendas ocorreu em todos os Estados brasileiros: o líder
nas entregas foi São Paulo (com três milhões de toneladas do produto,
representando 18,3% do total), seguido do Paraná (2,4 milhões de toneladas -
14,8%) e de Minas Gerais (com 2,3 milhões de toneladas - 14,2%).
No Mato Grosso, ocorreu acentuado crescimento no consumo de fertilizantes entre
1996 e 2000, de 1,13 milhão para 2,11 milhões de toneladas neste último ano,
fazendo com que o Estado ocupasse na safra 2000/01 o primeiro lugar na produção
de soja (26% do total nacional) e de algodão (50,8% do total).
A comercialização de fertilizantes segue o padrão sazonal, com as vendas
concentrando-se no segundo semestre, simultaneamente ao plantio das culturas de
verão, que receberam 51,2% do total entregue (figura 1).
O
acúmulo de estoques contribuiu para que a produção da indústria nacional de
produtos intermediários para fertilizantes diminuísse 9% (para 946 mil
toneladas) no primeiro bimestre de 2001, com queda de 3,7% nos fosfatados, de
16,5% nos nitrogenados e de 3,7% nos potássicos. Também as importações de
fertilizantes e sua matérias-primas, no referido período, decresceram 42,1% e
10,1%, respectivamente.
No primeiro bimestre de 2001, as entregas de fertilizantes no País totalizaram
1,8 milhão de toneladas (mesmo nível do ano anterior). Segundo fontes do setor,
estima-se que o desempenho das vendas em março repita o observado no mesmo mês
do ano passado. Para o período abril/maio, prevê-se que as vendas serão menores
quando comparadas com as do mesmo período do ano precedente. Esse cenário pode
ser explicado pelos seguintes fatores: a) 2001 inicia-se com baixos preços para
soja, milho e café; b) não se espera antecipação de compras por parte dos
produtores de soja nos moldes do ano anterior; e c) prevê-se diminuição na área
plantada de milho safrinha em vários estados brasileiros (no caso do Paraná, o
DERAL estima 20,8% de redução).
A previsão inicial do setor é que o consumo brasileiro de fertilizantes em 2001
permaneça estável em torno de 16 milhões de toneladas. As perspectivas de
melhores preços recebidos para as culturas de cana-de-açúcar, algodão e, mais
recentemente, laranja formam tal percepção que pode ser considerada pouco
otimista para o setor.
Tabela 1
| ||||||||||
Ano/mês | Algodão | | Cana-de-
açúcar | Café | Feijão | Laranja1 | Milho | Soja | ||
. | 15kg | . | 60kg | t | 60kg | 60kg cx.40,8kg | 60kg | 60kg | ||
1996 | 31,0 | . | 22,1 | . | 17,4 | 2,1 | 4,9 | 61,2 | 30,2 | 16,4 |
1997 | 26,9 | . | 19,2 | . | 15,3 | 1,2 | 5,2 | 50,0 | 33,6 | 14,3 |
1998 | 28,6 | . | 14,4 | . | 14,4 | 1,4 | 2,8 | 37,0 | 26,8 | 16,9 |
1999 | 35,7 | . | 19,9 | . | 22,8 | 1,8 | 5,2 | 50,6 | 31,2 | 20,7 |
2000 | 32,5 | . | 23,3 | . | 18,9 | 2,2 | 6,9 | 69,4 | 27,7 | 18,9 |
2001 | ||||||||||
Jan. | 35,4 | . | 23,9 | . | 16,3 | 3,1 | 6,5 | 66,5 | 37,5 | 18,8 |
1 Refere-se a laranja de mesa.
Fonte : Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
Data de Publicação: 04/04/2001
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor