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Feijão: Estiagem E Ameaça De Geada Afetam O Mercado Nacional
Os
preços médios diários, recebidos pelos produtores de feijão no Escritório de
Desenvolvimento Regional (EDR) de Avaré, variaram entre R$48,00 e R$60,00 a saca
de 60 quilos no início de maio, para se estabilizarem em R$55,00 até o final do
mês. Em junho, esses preços ficaram um pouco acima (R$58,00), estabilizando-se
entre 19 e 25 de junho em R$55,00 a saca. Quanto aos preços modais do
Carioquinha tipo 1 no atacado paulistano, houve variação nesse período de
R$50,00 a R$70,00 a saca de 60 quilos. A margem de comercialização de feijão
nesses mercados girou em torno de R$10,00 a saca, atingindo zero no limite
inferior e R$17,00 no superior (Figura 1).
Os preços médios mensais recebidos pelos produtores paulistas, neste ano, estão,
até o momento, acima dos preços observados no mesmo período do ano passado, ou
seja, 29,3% em janeiro, 78,6% (fevereiro), 122,2% (março), 81,2% (abril) e 29,2%
(maio) (Figura 2).
Os
preços recebidos em março e em abril deste ano, respectivamente de R$69,54 e
R$60,76, estão bem acima da média desses meses no período 1996-2000, de R$53,03
e R$54,66. O custo de produção da saca de feijão varia de acordo com as
condições edafo-climáticas e a habilidade empresarial. Considerando, porém, o
custo de R$30,00 a saca, que pode ser alcançado por muitos produtores paulistas,
será possível obter-se bom lucro nas safras 2000/01de feijão das águas e da seca
no Estado de São Paulo.
A oferta de feijão, na zona cerealista da cidade de São Paulo, no dia 24/05/01,
de acordo com a origem, apresentou a seguinte distribuição, segundo Bolsinha
Informs: São Paulo (79,2%), Goiás (4,2%), Minas Gerais (8,3%) e Paraná (8,3%).
Já no dia 31/05/01, o produto foi recebido dos estados de São Paulo (52,2%),
Mato Grosso (4,3%), Minas Gerais (8,7%), Paraná (17,4%) e Goiás (17,4%). E no
dia 21/06/01, a origem do feijão da zona cerealista foi a seguinte: Estado de
São Paulo (69.6%), Minas Gerais (17,4%) e Goiás (13,0%).
As safras de feijão da seca nos estados do Paraná e de São Paulo estão praticamente encerradas, enquanto é aguardada a entrada da safra de feijão de inverno a partir de julho próximo. No caso do Paraná, por exemplo, as culturas de inverno estão sob ameaça de geadas, segundo informações originadas do SIMEPAR1, do IAPAR2 e do INPE3.
A probabilidade de ocorrência de El Niño em 2001-02, anunciada em abril em vários sites meteorológicos, devido ao aquecimento anormal do Oceano Pacífico Equatorial (após longos meses de esfriamento entre julho de 1998 a fevereiro de 2001), dissipou-se em maio, com as temperaturas voltando quase ao normal. Segundo o Centro de Previsão de Tempo4 dos Estados Unidos, é provável que ocorram condições climáticas próximas ao normal nesse inverno, seguidas de temperatura quase normal ou ligeiramente acima (mais quente) do normal nesse Oceano. Na semana de 18 a 24 de junho, a costa do Peru estava com a anomalia de temperatura superficial entre 1 e 2 oC abaixo do normal5.
As chuvas abaixo do normal nos últimos meses, principalmente em maio, nas
principais regiões produtoras da segunda safra de feijão (de plantio tardio),
como as de Minas Gerais e Bahia, provavelmente afetarão o mercado de feijão a
partir de julho. O preço recebido pelos produtores na terceira semana de junho,
de tendência crescente, faz sentido com essa situação conjuntural.
1 Sistema Meteorológico do Paraná,
http://www.simepar.com.br. 2 Instituo Agronômico do Paraná, e sobre geada em http://www.pr.gov.br/iapar/geada.html. 3 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e sobre geada em http://www3.cptec.inpe.br/products/geadas/. 4 Climate Prediction Center (National Centers for Environmental Prediction, National Whether Service), em http://www.cpc.ncep.noaa.gov/. 5 Disponível em: http://www.cptec.inpe.br/products/laninha/tsmmov.html. |
Data de Publicação: 27/06/2001
Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor