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Feijão: Entressafra Em Março
A
colheita de feijão das águas no Estado de São Paulo está praticamente encerrada
em março, com perspectivas de entressafra até abril quando se inicia,
normalmente, a colheita da seca. Também nos Estados de Paraná, Minas Gerais,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a colheita da primeira safra está
terminando. Não é o caso do Estado da Bahia.
Em fevereiro, os preços médios diários recebidos pelos produtores paulistas,
segundo levantamento do IEA, atingiram R$55,00 a saca de 60 quilos. Durante
apenas quatro dias, os preços chegaram a R$48,00/sc, mantendo em seguida a
tendência crescente iniciada em dezembro de 2000 (Figura 1).
O preço médio mensal (R$52,06/sc), recebido pelos produtores paulistas em
fevereiro, aumentou cerca de 3% em termos reais, em relação ao mês anterior
(R$50,76/sc.), e cerca de 81% em relação ao mesmo período do ano anterior
(R$28,69/sc), indicando recuperação em relação aos preços da safra das águas
passada. Os preços médios apresentados neste ano, de R$54,35/sc (em janeiro) e
de R$51,44/sc (em fevereiro), estão muito próximos, em termos reais, da média do
período 1996-2000 (Figura 2).
Aliás, os preços compensadores dos meses de janeiro e fevereiro deste ano são
propulsores do provável aumento na área de feijão da seca tanto no Estado de São
Paulo como em outras regiões produtoras. Os analistas do mercado de feijão
apostam ao menos na manutenção da área passada.
A oferta de feijão na zona cerealista da cidade de São Paulo, em 8 de fevereiro,
teve origem nos seguintes Estados: São Paulo (79,3%), Paraná (10,3%), Minas
Gerais (6,9%) e Goiás (3,4%). Em 15 de fevereiro, a maior oferta foi proveniente
de São Paulo (69,2%), seguido de Paraná (15,4%) e Mato Grosso do Sul (15,4%). Em
22 de fevereiro, 66,7% do produto vieram do interior de São Paulo, 18,5% de
Santa Catarina, 7,4% do Paraná e 7,4% de outros Estados. Em primeiro de março, a
origem foi 77,8% de São Paulo, 13,9% do Paraná e 8,3% de Minas Gerais.
O estoque governamental de feijão em AGF e Contrato de Opção, em 23 de
fevereiro, estava zerado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Até a primeira semana de março, a Conab não havia divulgado o terceiro
levantamento da intenção de plantio, não se tendo, portanto, informações em
termos nacionais sobre intenção de plantio de feijão da seca.
Na safra 1999/00, plantou-se 1,612 milhão de hectares de feijão das águas e
2,502 milhões de hectares de feijão da seca no País, colhendo-se,
respectivamente, 1,421 milhão e 1,435 milhão de toneladas, o que indica
participação significativa da safra da seca em termos de área e produção. A
colheita da safra das águas 2000/01 foi de 1,188 milhão de toneladas. É possível
que a safra da seca 2000/01 repita ou até ultrapasse a produção de 1,435 milhão
de toneladas da safra passada.
Quanto ao consumo anual de feijão, a estimativa da Conab, atualizada em 17 de
janeiro, é de 2,95 milhões de toneladas para o ano agrícola 2000/01, o mesmo
número para o consumo nacional dos dois últimos anos. Para que a produção anual
não chegue ao volume de 3 milhões, tanto a safra da seca como a de inverno deste
ano não devem ultrapassar o número do ano agrícola 1999/00. Para se ter mais
certeza sobre isso, aguarda-se, ao longo do mês de março, as estimativas
oficiais de área plantada de feijão da seca da Conab, para uma avaliação
nacional, e da CATI-IEA para o Estado de São Paulo.
Data de Publicação: 08/03/2001
Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor