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Calcário Agrícola: Perspectivas De Aumento Nas Vendas À Citricultura Em 2001
O
consumo de calcário agrícola no Estado de São Paulo totalizou 3,323 milhões de
toneladas em 2000, representando aumento de 3,7% em comparação com as 3,205
milhões de toneladas consumidas no ano anterior, segundo o Sindicato das
Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo
(SINDICAL).
O melhor desempenho econômico do setor sucroalcooleiro em 2000, associado à
ampliação das áreas de renovação de canaviais, estimulou o maior uso do calcário
na cultura, ocasionando aumento de seu consumo na cana-de-açúcar (principal
demandante na agricultura paulista). Segundo dados do IEA, o preço médio
recebido pelos produtores de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, que em
agosto de 1999 era de R$11,09 por tonelada, passou para R$12,19/t em janeiro de
2000, mantendo tendência crescente no decorrer do ano, até alcançar R$23,39/t em
dezembro desse ano. Ao contrário, na citricultura observou-se retração nas
vendas, como reflexo da queda nos preços recebidos pelos produtores (a caixa de
laranja de 40,8kg apresentou preço nominal médio de R$1,82 em 2000 – dados do
IEA) e do declínio nas exportações de suco.
Do total de calcário agrícola comercializado em São Paulo, em 2000, 23% ou cerca
de 756,9 mil toneladas foram provenientes de outros Estados, principalmente de
Minas Gerais e do Paraná. As maiores quantidades comercializadas de calcário
concentraram-se entre julho e outubro (figura 1).
No
Plano de Safra 2000/01, a administração federal disponibilizou R$300 milhões
para o Programa de Incentivo ao Uso de Corretivos de Solos (PROSOLO), destinado
à aquisição, transporte e aplicação de corretivos agrícolas, com vigência até 30
de junho de 2001. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social/Agência Especial de Financiamento Industrial (BNDES/FINAME), entidade
responsável pelo programa, em 2000 o valor dos desembolsos foi de apenas R$81,37
milhões, abaixo do observado em 1999, que atingiu R$92,33 milhões. Contudo, em
termos de número de operações, 2000 superou 1999, com 5.134 contra 4.216
respectivamente. Os meses de junho, julho e outubro foram os que apresentaram
maiores desembolsos, respondendo por 61,3 % do valor total de 2000 (tabela 1)
No primeiro mês de 2001, foram liberados R$3,43 milhões (para 221 operações), superando o valor observado nos dois últimos anos (R$1,67 milhão em janeiro de 1999 e R$ 1,85 milhão em janeiro de 2000). Ressalte-se que o Programa, segundo a Carta Circular no 24/2000 do BNDES, de
14/08/2000, apresenta as seguintes condições de financiamento: prazo de
pagamento de até cinco anos, com até dois de carência, taxa de juros de 8,75%
a.a. e limite de R$ 40mil por produtor/ano.
O setor de calcário agrícola apresentou-se em janeiro de 2001 com uma boa
comercialização do insumo, segundo estimativa preliminar do SINDICAL. O consumo
no Estado de São Paulo somou cerca de 206 mil toneladas, observando-se aumento
de 37,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Esse acréscimo elevado é
explicado, em parte, pelo atraso de parcela das compras de calcário para
cana-de-açúcar, que deveriam ter sido efetuadas no final de 2000 e foram
postergadas para janeiro de 2001. O adiamento das aquisições influiu sobre o
desempenho do segmento em 2000, mantendo-o abaixo das expectativas iniciais.
O Estado de São Paulo, principal produtor nacional de laranja, apresentou na
safra 1999/00 decréscimo na área plantada e na produtividade, reflexo em parte
da seca nas principais regiões produtoras e dos baixos preços recebidos pelos
produtores. Essa tendência será mantida para a atual safra, tendo tal
perspectiva atuado positivamente sobre os preços recebidos pelos produtores de
laranja, com acentuado acréscimo no início de 2001. Além da restrição na oferta,
também pressionou os preços a maior demanda das indústrias visando manter
estoque estratégico. Esse fenômeno poderá estimular os agricultores a aumentar o
consumo de calcário na citricultura em 2001.
O preço médio de calcário (FOB – posto fábrica) pago pelos agricultores no
Estado de São Paulo, em janeiro de 2001, foi de R$13,63/t (considerando o volume
global comercializado no Estado). O preço médio, contudo, foi de R$ 14,40/t em
janeiro de 2001, contra R$11,69/t no mesmo mês do ano anterior, levando-se em
conta apenas as vendas da indústria paulista, responsável por cerca de 77,2% da
comercialização em 2000. Destaque-se que nesses preços não se considerou o
transporte de calcário, que é o principal item que onera o seu preço final.
A previsão inicial para 2001do setor de calcário agrícola é a de que o consumo
no Estado de São Paulo se situe no mesmo nível de 2000, ou cresça em 5%,
considerando-se a expectativa de que haja uma recuperação nas vendas para a
citricultura e de que as vendas para a cana-de-açúcar se igualem às do ano
anterior.
Tabela 1
Valor dos Desembolsos do Programa PROSOLO, BNDES
Automático, Brasil, 1999/2001
Ano | | |
1999 | 92.328,7 | 4.216 |
2000 | 81.374,8 | 5.134 |
Jan.2001 | 3.428,0 | 221 |
Fonte: Agência Especial de Financiamento Industrial – FINAME.
Data de Publicação: 08/03/2001
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor