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Abacaxi Classificado Beneficia Produtor E Consumidor
O
Brasil já tem normas modernas de comercialização do abacaxi (polpa amarela e
branca), que possibilitam melhorar o ganho do produtor e as opções de preço e
qualidade para o consumidor. A proposta foi elaborada pelo Grupo de Trabalho
Nacional do Abacaxi, que reuniu produtores e técnicos dos estados de São Paulo,
Pará, Bahia, Pernambuco, Tocantins, Minas Gerais e Paraíba. Os trabalhos foram
coordenados pelo Centro de Qualidade em Horticultura (CQH) da Ceagesp. Experiências de outros estados – A Bolsa de
Hortigranjeiros, Cereais e Produtos Agropecuários do Estado de Pernambuco já vem
comercializando abacaxi classificado há quatro anos. Mais conhecida como Bolsa
do Comércio de Pernambuco, participou ativamente da elaboração das novas normas
não só por meio do seu diretor, Cláudio Macedo, como também de seus clientes que
são produtores de abacaxi em diferentes estados do Norte, Nordeste e
Centro-Oeste. 'Como as vendas são feitas à distância e não à vista dos frutos,
há necessidade de uma linguagem comum entre o produtor e o comprador, que é
estabelecida pela adoção de padrões comerciais de frutas', explica Cláudio
Macedo. Classe: relacionada ao peso da Infrutescência.
Pelas novas normas, o abacaxi é classificado, de acordo com características
varietais de coloração, em frutos de polpa amarela (Smooth Cayenne ou havaiano)
e de polpa branca (Pérola e Jupi). As classes estão relacionadas com o peso da
infrutescência (medida da massa da infrutescência juntamente com sua coroa em
quilos). As categorias de qualidade são definidas de acordo com a quantidade de
defeitos (graves e leves) presentes no lote com o mesmo rótulo.
As embalagens devem ser paletizáveis (tamanho tal que uma ou mais embalagens
caibam num estrado de 1,00m x1,20m) e devem ser rotuladas com o nome do produtor
ou beneficiador, endereço, município de origem, registro no Ministério da
Agricultura, inscrição do produtor ou CGC do beneficiador, grupo/variedade,
classe ou calibre, tipo ou categoria, peso e data de embalagem.
As normas de classificação permitem o conhecimento ou caracterização do produto
sem a sua presença física, abandonando assim o uso do pé-de-cabra no exame de
caixa a caixa, segundo o coordenador do grupo de trabalho, Gabriel Bitencourt de
Almeida, engenheiro agrônomo do CQH/Ceagesp. Com as especificações do produto
para o comprador, será possível ofertar abacaxi pela Internet, telefone, leilões
e por meio de contratos, além da automação (codificação, EDI-troca eletrônica de
documentos, etc) e da reposição automática de estoques.
A classificação de frutas e hortaliças começou em 1997 com o Programa paulista
para a melhoria dos padrões comerciais e embalagens de hortigranjeiros, criado
pelas câmaras setoriais de frutas e de hortaliças da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo. Os representantes das cadeias produtivas
concluíram que os principais problemas do setor eram determinados por dois
grandes gargalos: falta de classificação e padronização dos produtos e falta de
embalagens adequadas.
Devido ao grande interesse despertado em todo o País, em janeiro de 2000 a
Câmara Setorial de Frutas aprovou o programa nacional, com a parte operacional
sendo conduzida pela Ceagesp. 'O Estado de São Paulo é não só um grande
exportador, mas também importador de produtos hortícolas frescos de outros
estados. Muita gente de outros estados estava querendo abraçar a mesma bandeira,
mas se sentia um pouco inibida pelo nome paulista do Programa', explica Gabriel
Bitencourt.
A diferença mais importante entre as normas antigas de classificação da Bolsa de
Pernambuco e as novas normas é o acréscimo dos defeitos (graves e leves) a itens
como tamanho, peso, coloração e variedade. Além disso, a classificação antiga
foi substituída. Assim, o tipo Extra (peso acima de 1,8kg) passa a ser classe 4;
o tipo A (entre 1,5kg e 1,8kg) torna-se classe 3; o tipo B (entre 1,3kg e 1,5kg)
é a nova classe 2; e o tipo C (entre 900g e 1,3kg) equivale à classe 1.
A Bolsa de Pernambuco vende a média de 12 milhões de frutos por ano, basicamente
abacaxi Pérola ou Jupi (polpa branca), enviados por produtores de Tocantins,
Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Atualmente, está em
negociação com produtores de Itaberaba, na Bahia.
A empresa Agrícola Vale do Mangereba, localizada em Lucena a 45 km de João
Pessoa (PB), comercializa, há mais de três anos, abacaxi na Bolsa do Comércio de
Pernambuco. Segundo o sócio-gerente Frederico Tavares de Melo, a empresa já está
se adaptando às novas normas, pois acredita que 'isso vai disciplinar o
mercado'. As cerca de 15 pessoas, que trabalham no corte, carregamento (balaio)
e transporte (caminhão) do abacaxi, passarão a fazer a classificação manual do
produto. Ele acredita que a tendência é substituir a venda a granel (ainda
predominante na região) por produto embalado.
Em 1999, a empresa colheu 250 hectares do abacaxi Pérola, colocando no mercado
6,2 mil toneladas, das quais 4,5 mil toneladas na Bolsa de Pernambuco e o
restante em fábricas de suco concentrado como Jandaia e Dafruta (Ceará),
Parmalat (Bahia), Reprinte (Paraíba) e Bonsuco (Pernambuco). Em geral, são
encaminhados para a indústria o abacaxi pequeno (tipo C) e os demais tipos que
tenham defeitos, como queima acentuada de sol. No município de Miracema do
Tocantins, Washington Dias já vendeu abacaxi classificado (polpa amarela) da
área colhida na safra 1999/2000 (de 20 a 30 hectares). Entregou entre 400 e 500
mil frutas à plataforma do Carrefour em Osasco, grande São Paulo, quantidade que
pretende aumentar para 650 mil frutas em 2001. O abacaxi foi embalado em caixa
de papelão ondulado paletizável (seis frutos por caixa).
Para Dias, a classificação apresenta as seguintes vantagens: evita o desconto no
preço de frutas amassadas no transporte; aumenta a vida pós-colheita e o prazo
de comercialização da fruta; permite fazer marketing do produtor; e garante
diferencial no preço para o produtor (de 15 a 20% da classe 4 para a classe 3,
por exemplo). Cinquenta por cento do abacaxi de Dias estão situados na classe 2,
40% na classe 4 e 10% na classe 3. Além disso, a classificação facilita a
distribuição e amplia as possibilidades de comercialização sem afetar a
qualidade.
Dias e o irmão Robson são os dois únicos produtores de Miracema do Tocantins que
vendem abacaxi classificado. Robson, que colhe área equivalente à do irmão,
fornece para supermercados e Ceasas de Florianópolis (SC) e de Porto Alegre
(RS).
Washington Dias pretende substituir a classificação manual pela mecanizada já em
2001. Vai construir um packing-house para embalar a própria fruta e também a de
terceiros. A receptividade tem sido tão boa que a plataforma do Carrefour em
Osasco, que colocava no máximo um caminhão a granel por semana, está
distribuindo seis vezes mais produto classificado. A demanda crescente cria
oportunidade para novos produtores adotarem a classificação. É o caso da Central
de Produtores de Abacaxi de Miracema e Região (Cepamir), da qual Dias é
vice-presidente, que foi criada para melhorar as condições de comercialização de
17 produtores de abacaxi.
No município paulista de Guaraçaí, o produtor Shoji Korin prepara-se para adotar
as novas regras de classificação. Com área colhida de 24 hectares, ele entregou,
no passado, 900 toneladas de abacaxi polpa amarela a granel para ceasas do Rio
Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Korin é também diretor da Associação dos Produtores de Abacaxi do Município de
Guaraçaí (Apamg), que reúne 110 associados da região. Para ele, os produtores da
região estão perdendo clientes, como supermercados e cozinhas industriais. É o
mesmo que perder dinheiro duas vezes, uma vez que o produtor recebe menos pelo
produto a granel entregue ao atacadista e ainda sofre desconto no preço por
causa do alto nível de perdas no transporte, principalmente do produto maduro.
Korin revela que, recentemente, teve de recusar convite do gerente regional do
Banco do Brasil para participar de um leilão porque o seu produto não é
classificado.
Para os Abacaxis do Grupo de Polpa Amarela
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Para Abacaxis de Polpa Branca
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É tolerada uma mistura de 10%
de classes diferentes da especificada no rótulo, desde que pertencentes às
classes imediatamente superior e/ou inferior.
Data de Publicação: 21/06/2000
Autor(es): José Venâncio De Resende Consulte outros textos deste autor