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Segurança Alimentar E Qualidade Da Água
Recente estudo (AMARAL, 2000) demonstrou que a água utilizada para a higiene dos equipamentos e úberes dos animais, em 90% de 30 propriedades leiteiras escolhidas ao acaso entre 100 identificadas nos municípios de Pitangueiras, Sertãozinho, Pontal, Taiaçu, Taiúva, Monte Alto, Barrinha, Jaboticabal, Morro Agudo, Viradouro, Terra Roxa e Sales de Oliveira, apresentava contaminação microbiológica e estava fora dos padrões de potabilidade. A água para o consumo humano e animal também apresenta índices elevados de contaminação. 1. Melhores práticas para promover a segurança alimentar na produção orgânica: qualidade da água4 Com a introdução da 'Iniciativa de Segurança Alimentar', em 1997, foi instituído o programa nacional 'da fazenda à mesa' . Este programa chamou atenção para como os agricultores podem ajudar na gestão dos riscos à segurança alimentar, em suas fazendas. 2. Considerações finais A proposta de formulação de uma política descentralizada e participativa tem algumas vantagens e desvantagens sobre o modelo tradicional. Amaral, L. A Qualidade Higiênico-Sanitária e Teor de Nitrato em Amostras de Água de Dessedentação Animal e Humana em Propriedades Leiteiras Situadas na Região Nordeste do Estado de São Paulo. IN: A qualidade é um mito. Pesquisa FA{PESP n.50. Jan/fev. 2000. REDCAPA. Manual de Segurança Alimentar: Segurança Alimentar, o marco conceitual. FILE://c/temp/redcapa/capacitação. (capturado em 02/10/0) UNITED STATES FOOD and DRUG ADMINISTRATION/ UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. United States Food Safety System. www.food.safety.gov/~fsg/fssyst2.html. (capturado em 27/12/00)
A maior parte ( 83%) das propriedades estudadas possui área entre 26,4 e 720 hectares. Cerca de 45% delas abrigam de 51 a 100 animais, com lotação de 1,2 a 72 cabeças por hectare. Os poços, dos quais 57% com profundidade até 10 metros, são a principal fonte de abastecimento em 73% das propriedades. A menor profundidade dos poços está associada à maior contaminação.
No que diz respeito à água para consumo animal, a pesquisa concluiu que 43% na estação das águas e 50% na seca estavam fora dos padrões recomendados pela Resolução 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 18/06/96. Quanto à água para o consumo humano, 97% das propriedades nas chuvas e 90% na seca estavam fora dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 36 do Ministério da Saúde, de 19/01/90.
Apesar da pequena abrangência espacial, a pesquisa retrata a situação em uma área de padrão tecnológico acima da média do Estado e, por isso, sugere a necessidade de formulação de uma política estadual efetiva. Tal política deve iniciar-se por um diagnóstico amplo do problema e formulação de diretrizes para a promoção do manejo adequado dos dejetos, realizado de 'alguma forma' em somente 10% das propriedades estudadas.
A qualidade da água no Estado de São Paulo constitui sério obstáculo para os produtores orgânicos preocupados em garantir a qualidade dos alimentos aos seus consumidores.
A preocupação com a qualidade da água utilizada na produção agrícola levou o Governo dos Estados Unidos da América a formular uma política, dentro do marco do Estado neo-liberal, identificada como de 'Segurança Alimentar'1. Esta preocupação esteve inicialmente relacionada com a existência de resíduos químicos prejudiciais à saúde, provenientes do uso inadequado de insumos ao longo da cadeia alimentar. Atualmente, está também voltada à contaminação microbiológica.
Em 1997, o poder executivo americano anunciou a política: 'Iniciativa para a Segurança Alimentar'. A demanda presidencial foi a de que todos os órgãos públicos federais estabelecessem o 'Consórcio Interinstitucional de Avaliação de Risco' para promover a base científica de avaliação do risco de contaminação microbiológica, desenvolvendo modelos de predição e outros instrumentos. Entre os avanços realizados com base na 'Iniciativa', estão as estratégias de gestão das agências reguladoras para reduzir o risco com este tipo de contaminação dos alimentos. O exemplo relevante, para o objetivo deste texto, é a iniciativa identificada como 'Hazard Analysis Critical Control Point' que estabelece requisitos gerais e orienta os agentes a aplicar as diretrizes e a desenvolver passos específicos para obter um programa efetivo de controle dos riscos de contaminação.
Este problema se agrava no caso dos agricultores e produtos orgânicos, cuja qualidade e higidez devem ser garantidas ao cliente pelas certificadoras. Com a preocupação centrada nestes produtores, o Small Farm Center, ligado à Universidade da California-Davis, publicou um texto seguindo as recomendações do HACCP (USDFA/USDA, capturado em 27/12/00): 'medidas fáceis de serem adotadas pelos produtores agrícolas para prevenir a contaminação microbiológica dos alimentos'. As sugestões feitas podem ser úteis a agricultores orgânicos em qualquer localidade.
Existe também a necessidade de a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo avançar na nova forma descentralizada e participativa de formular políticas. Pretende-se, através deste texto, testar a possibilidade de se formular políticas participativas utilizando os meios modernos de comunicação.
Levando em consideração a necessidade de uma política estadual para evitar a contaminação microbiológica da água utilizada na produção agrícola em geral e orgânica em particular, e o interesse em testar a nova forma de construção da política estadual, apresentamos a seguir o texto publicado no Small Farm News de autoria de Shantana Goerge2, com base nas idéias de Trevor Suslow3. Essas idéias podem ser apresentadas como as diretrizes iniciais para os produtores orgânicos no Estado de São Paulo, estimulando-os a desenvolverem um modelo de gestão e manejo do solo e da água mais adequado.
Estimulam-se técnicos e produtores, envolvidos com a questão, a sugerir aprimoramentos que possam vir a se constituir em orientações simples e exeqüíveis para os agricultores que sejam comprometidos em oferecer produtos de qualidade aos consumidores, seguindo a estratégia de formulação de política utilizada na 'Iniciativa de Segurança Alimentar ' do governo neo-liberal americano.
Como os mercados de frutas e verduras cultivadas organicamente crescem, os agricultores orgânicos devem continuar a dar atenção à questão do risco de contaminação microbiológica, à segurança alimentar Os seguintes procedimentos no uso da água podem ajudar agricultores orgânicos a administrar e reduzir riscos de contaminação microbiológica:
O aspecto mais importante refere-se à adesão voluntária do produtor, o que reduz os custos da sua implantação simplesmente à divulgação das diretrizes, se isto for considerado necessário. Não há comprometimento de trabalho específico da extensão rural, ao promover as práticas recomendadas, e menos ainda de órgão de fiscalização. Por serem medidas facilmente exeqüíveis, conta-se com a adesão voluntária dos produtores e a difusão gradativa da proposta pela própria sociedade. A construção gradativa de um processo social para o atendimento da meta da política pode significar o reconhecimento de padrões abaixo dos tecnicamente recomendáveis, mas, por outro lado, deve garantir o cumprimento de medidas que melhorem o padrão atual. Não seria esta uma situação melhor para o consumidor do que simplesmente ter a garantia de definições legais de padrões técnicos de higidez dos alimentos não praticados no mercado?
O principal aspecto negativo é a dependência do grau de resposta voluntária dos produtores. Alguns podem argumentar que a adoção de práticas recomendadas seria maior se fossem forçados a tomar medidas consideradas tecnicamente indispensáveis.
Comentários e sugestões para o aprimoramento de propostas de política com este perfil, e particularmente para a proposta de regulamentação da qualidade da água utilizada na produção do alimento orgânico, são estimulados e podem ser encaminhados para a autora através do e-mail: yacarvalho@iea.sp.gov.br.
1Existe, entretanto, outro uso do termo reconhecido internacionalmente. Segundo a FAO, o conceito de segurança alimentar enfatiza a garantia ao acesso físico e econômico aos alimentos básicos para todos os seres humanos de acordo com sua necessidade. São três os aspectos fundamentais associados ao conceito: disponibilidade, estabilidade e acesso. O Comitê de Segurança Alimentar Mundial enfatiza, entretanto, um aspecto adicional: a vulnerabilidade. Define “Segurança Alimentar” como: “acesso material e econômico a alimentos suficientes para todos os membros do domicílio, sem correr riscos indevidos de perder este acesso (REDCAPA, capturado em 2/10/00).
2Pesquisador pós-graduado (redação)
3Especialista em extensão rural. Departamento de cultivos de hortaliças. Universidade da Califórnia-Davis.
4Texto traduzido, do Small Farm News, Small Farm Center-Cooperative Extension, University of Califórnia. V. 11, 2000. 12p, por Paulo Roberto Brito (estudante de Economia da Universidade Mackenzie) sob a coordenação da autora.
Data de Publicação: 27/04/2001
Autor(es): Yara Maria Chagas de Carvalho Consulte outros textos deste autor