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Máquinas Agrícolas Automotrizes: Segmento Demanda Mais Crédito
No
período janeiro a outubro de 2001, foram produzidas 37.503 máquinas agrícolas,
mantendo-se a trajetória de incremento da produção iniciada em 1996.
Comparando-se com a produção de igual período do ano anterior, verifica-se
crescimento de 26,6%, com as vendas no mercado interno aumentando em 14,2%
(incremento de 3.712 de máquinas comercializadas) e a extraordinária ampliação
das exportações, com crescimento de 65,5% (mais 2.854 máquinas). Para o caso
específico das exportações de colhedoras, o aumento no período mais que dobrou
(109,8%). Esse desempenho das exportações decorre em parte do ganho de
competitividade auferida ao produto brasileiro após intensificação da
desvalorização cambial a partir da segunda metade de 2001. No agregado (mercado
interno mais exportações), foram comercializadas 37.043 máquinas frente às
30.467 negociadas em igual período do ano anterior (tabela 1).
Na análise por tipo de máquina, constata-se que as maiores taxas de crescimento
ocorreram para as colhedoras, com 31% na produção, 8,3% nas vendas ao mercado
interno e os 109,8% na exportação. Os tratores de rodas apresentaram elevação de
26,2% na produção, 14,4% nas vendas ao mercado interno e 78,3% nas exportações.
No total de produção e vendas de máquinas agrícolas, o aumento alcançou 26,6% e
21,6% respectivamente.
O expressivo crescimento das vendas no mercado interno decorre, em parte, da
melhoria da renda dos produtores ao longo de 2001, impulsionada pela pressão
cambial que incrementou os preços recebidos pelos produtores. A colheita recorde
de grãos no Estado de Rio Grande do Sul, após dois anos seguidos de quebras por
estiagens, fez do estado um dos líderes na aquisição de máquinas novas.
Finalmente, a continuidade do programa de financiamento MODERFROTA facilitou
bastante as condições de pagamento na aquisição de novas máquinas por parte dos
produtores e empresas agropecuárias, sobretudo as usinas e destilarias de açúcar
e álcool que se apropriaram de expressiva majoração de preços após a
desregulamentação do mercado.
TABELA 1- Produção, vendas e exportação de máquinas agrícolas automotrizes1, Brasil, 2000-2001
(em unidade)
Item | | (em %) | |
2000 (a) | 2001 (b) | ||
Trator de roda | |||
Produção | 23.322 | 29.441 | 26,2 |
Vendas no mercado interno | 20.954 | 23.978 | 14,4 |
Exportação | 2.950 | 5.259 | 78,3 |
Total das vendas | 23.904 | 29.237 | 22,3 |
Colhedoras | |||
Produção | 3.145 | 4.119 | 31,0 |
Vendas no mercado interno | 2.852 | 3.090 | 8,3 |
Exportação | 480 | 1.007 | 109,8 |
Total das vendas | 3.332 | 4.097 | 23,0 |
Máquinas agrícolas1 | |||
Produção | 29.620 | 37.503 | 26,6 |
Vendas no mercado interno | 26.092 | 29.804 | 14,2 |
Exportação | 4.375 | 7.239 | 65,5 |
Total das vendas | 30.467 | 37.043 | 21,6 |
1 Inclui cultivador motorizado, trator de esteira, trator de roda,
colhedora e retroescavadeira.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA),
nov.2001.
As
exportações de máquinas já não dependem exclusivamente do mercado do sub-bloco
regional do MERCOSUL. Graças aos esforços conduzidos pelo segmento, surgiram
negócios com países como Estados Unidos, Canadá, África do Sul e Turquia, que se
tornaram atualmente importantes destinos para as transações internacionais. O
conjunto de empresas fabricantes e de montadoras de máquinas agrícolas
consolida, no País, a criação de uma plataforma exportadora perfeitamente
sintonizada com a fronteira tecnológica vigente no segmento. O valor das
exportações de janeiro a outubro de 2001 atingiu a cifra de US$ 455,44 milhões
(crescimento de 19,9% frente a janeiro a outubro de 2000).
Os reflexos desse aumento na produção, nas vendas no mercado interno e nas
exportações refletem-se também na elevação do nível de emprego no segmento, com
incremento de 395 novas vagas (passando de 9.466 vagas em outubro de 2000 para
9.861 em outubro de 2001).
Recentemente, noticiou-se que começava a sobrar parte dos recursos utilizados na
equalização da taxa de juros - mecanismo em que o governo banca a diferença
entre uma taxa de juros interna e outra menor, de padrão internacional, para
garantir a competitividade de um produto - fixada para o MODERFROTA e para o
PRONAF. Até outubro, essa sobra atingia o montante total de R$ 365 milhões. O
problema ocorre porque existe um descompasso entre esses recursos utilizados na
equalização da taxa e a liberação de novo crédito de investimento para aquisição
de máquinas. As lideranças da ANFAVEA estão efetuando gestão junto ao BNDES e ao
Ministério da Agricultura para que sejam destinados novos recursos para o
segmento, garantindo as operações a serem efetuadas no primeiro semestre de
2002.
O crescimento contínuo do volume de vendas causou diminuição em seu ritmo de
progressão, sendo esse um desdobramento natural da elevação do montante
comercializado. Até ao final de 2000, as vendas acumuladas em 12 meses seguiam
trajetória ascendente, enquanto o ritmo de vendas, ou seja, a percentagem de
crescimento frente ao acumulado precedente, esboça declínio a partir de abril de
2001 (figura 1). Estimativas do segmento indicam que, a partir do alcance do
patamar de 35 mil máquinas comercializadas, se tenha renovação substancial do
parque de máquinas obsoletas/sucateadas. A continuar nessa progressão, espera-se
a renovação do conjunto de máquinas lá pela safra 2005-2006. Esse fenômeno
indica que se aproxima o nível de saturação do potencial da demanda do mercado
para máquinas novas, pois nesses dois últimos anos os efeitos do programa do
MODERFROTA permitiram que os empresários interessados em renovar o parque fossem
atendidos pela linha específica de financiamento.
Figura 1 – Acumulado de vendas e de ritmo, novembro de 1999
-
outubro de 2000 e
novembro de 2000 a outubro de 2001
Fonte: Elaborada por PASTRE, Pérsio (2001).
Após
apuradas as vendas de novembro e dezembro, o segmento prevê que sejam
comercializadas mais de 40 mil máquinas agrícolas, em 2001.
Data de Publicação: 07/12/2001
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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