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Café: expectativa de recuperação das cotações
O
mercado de café reagiu em setembro em função do encerramento da colheita do
Brasil, confirmando os levantamentos que apontam um declínio no volume colhido
com prejuízos para a qualidade no nível de mercado. A prolongada estiagem pode
comprometer a florada da próxima safra (2004/05), uma vez que as precipitações
somente retornaram aos cinturões cafeeiros na primeira semana de outubro. Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes
mercados de futuros e do OIC-Composto diário, 2002 a 2004
Diante desses fatos, em setembro a tendência predominante foi de forte alta depois de cotações estáveis em agosto, nos diferentes mercados. Na Bolsa de Nova Iorque, o café arábica (Contrato C, segunda posição) apresentou aumento de 9,70% na cotação média do mês, em
relação à média de agosto. Já no mercado de robusta da Bolsa de Londres houve
queda de 0,94%, o único produto com esse comportamento, em função do aumento da
oferta vietnamita. No mercado de futuros, o café arábica teve alta de 9,94% na
BM&F, que continuou influenciada pela valorização de 2,63% do real. O
indicador OIC-Composto diário apresentou crescimento de 8,52% em relação à média
de agosto. No geral, as cotações voltaram aos níveis de julho de 2004.
Fonte: Gazeta Mercantil
Em setembro, as cotações dos cafés arábicas, contrato C, para dezembro, na Bolsa de Nova Iorque, exibiram expressiva recuperação ao longo do mês, com média de 9,70% superior à cotação média de agosto (gráfico 2). Nesse período, o diferencial de preço entre o café arábica cotado na BM&F e o Contrato C de Nova Iorque foi de US$ 16,75 por saca, cerca de 8,48% inferior ao observado no mês de agosto.
Gráfico 2 - Cotações diárias em Setembro de 2004 na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, segunda posição (Dezembro)
Fonte: Gazeta Mercantil
A evolução dos preços do café nos diferentes mercados, cotados em dólar por saca, indica para o arábica,
segunda posição, variação de 26,33% em 2004 na BM&F e variação acumulada de
27,69% nos últimos 12 meses. No mercado de Nova Iorque, os preços do arábica,
contrato C, segunda posição, cresceram 21,83% em 2004 e 18,98% no acumulado de
12 meses, enquanto os preços do robusta no mercado de Londres, segunda posição,
caíram 6,99% no acumulado do ano e 11,39% nos últimos 12 meses. A estimativa do
OIC-Composto apresentou crescimento acumulado de 17,82% em 2004 e de 14,34% em
doze meses, fortemente influenciada pela evolução dos preços do café arábica.
Essas melhores cotações ainda estão longe das expectativas dos produtores
brasileiros quanto à sua remuneração.
O cafeicultor paulista também foi beneficiado pelas altas observadas no mercado
internacional. O aumento no preço médio de setembro foi de 4,36% em relação ao
preço médio observado em agosto. A trajetória dos preços de café recebidos pelos
produtores, em reais, nos últimos 12 meses, aponta para a alta acumulada de
30,76% em setembro de 2004, em relação ao mesmo mês de 2003, e de 33,74% no ano
de 2004 (gráfico 3).
Gráfico 3 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café arábica, no Estado de São Paulo, período de 2001 a 2004
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Deliberações do CMN
O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu aprovar a elevação do limite individual de financiamento dos cafeicultores, que passou de R$ 100 mil para R$ 140 mil desde que não ultrapasse R$ 1.440,00 por hectare. Esse novo limite de financiamento valerá por produtor e não por número de propriedades. O CMN também definiu que a somatória dos financiamentos individuais para custeio, colheita e estocagem não poderá ultrapassar os R$ 140 mil fixados. Portanto, o cafeicultor somente poderá contratar esses financiamentos após efetuar o pagamento de empréstimos anteriores, não podendo possuir em carteira volume de empréstimo que supere os R$140 mil.
Desempenho das exportações
De
janeiro a agosto, as exportações brasileiras de café verde (arábica e robusta)
tiveram excelente desempenho em termos de receitas cambiais (acréscimo de 24%),
alcançando a soma de US$1,028 bilhão, o que representa expressivo incremento
frente aos US$778 milhões alcançados em igual período do ano anterior. Esse
avanço das receitas não ocorreu às expensas de ampliação dos volumes embarcados,
uma vez que as exportações ficaram ao redor de 14 milhões de sacas em ambos
períodos. Houve redução nas vendas de café verde descafeinado, as quais porém
são de pequena monta.
As exportações de café solúvel e concentrados de café aproximaram da soma de US$
200 milhões entre janeiro e agosto. Este montante representa mais de US$ 60
milhões frente ao mesmo período do ano anterior, embora nesse caso tenha sido
observado um aumento de cerca 8 mil toneladas no volume embarcado frente ao ano
anterior.
Na pauta de exportações, o café torrado e moído ainda não conseguiu aumentar
suas vendas externas, embora continuem vigentes as políticas de apoio às
exportações do segmento. Entre janeiro e agosto de 2004, as receitas cambiais
obtidas pelas transações efetivadas alcançaram US$4,78 milhões, com redução de
29%. Entretanto, ocorreu importante aumento no valor unitário pago pelo produto,
pois a redução no volume embarcado foi de 47%.
Em setembro, as exportações de café ficaram ligeiramente abaixo das observadas
no mesmo mês de 2003 (menos 200 mil sacas). Entretanto, o valor apurado superou
em US$ 16 milhões o resultado observado em igual período do ano anterior. Houve
queda no volume de vendas de arábica, robusta e torrado, mas pequeno aumento nas
exportações de solúvel (tabela 1).
Tabela 1 – Exportações de café, todos os tipos, setembro 2004
Item | | | | | | |
Volume (sc 60kg) | 76.696 | 1.982.115 | 1.088 | 2.059.899 | 246.677 | 2.306.576 |
Valor (US$ 1000) | 3.558 | 146.189 | 248 | 149.995 | 22.353 | 172.349 |
Prêmio 'Aldir Alves Teixeira' de qualidade
Realizou-se na cidade de Santos/SP a terceira versão do Prêmio 'Aldir Alves
Teixeira' de qualidade do café do Estado de São Paulo. Após a realização de onze
concursos regionais, os melhores café naturais e descascados foram provados por
degustadores selecionados. Eles separam 14 amostras para participar do leilão em
que os torrefadores fazem suas ofertas pelos lotes de 30 sacas. Nesse concurso,
10 torrefadoras apresentaram lances pelos cafés finalistas.
Os resultados dessa nova edição do prêmio surpreenderam pelos valores pagos por
parte das torrefadoras participantes. Na categoria descascado, o lote vencedor,
procedente de Caconde/SP, foi adquirido por R$ 1.610,00 a saca, representando o
maior preço já pago pela matéria-prima por uma torrefadora brasileira. Na
categoria natural, o lote vencedor, procedente de Jeriquara/SP, recebeu R$
1.505,00.
Esses cafés serão preparados pelas respectivas torrefadoras que os adquiriram.
Com o apoio da Associação Paulista de Supermercadistas (APAS), prevê-se que, na
segunda quinzena de novembro, esses cafés estejam nas gôndolas dos supermercados
em versões requintadas. Permite-se, assim, aos consumidores adquirirem o produto
tanto para prová-lo quanto para presentear alguém, uma vez que até lá
estaremos próximos da quadra festiva de final de ano.
Data de Publicação: 08/10/2004
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor