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Fertilizantes: prognóstico de estabilidade para as entregas
As
entregas de fertilizantes ao consumidor final no Brasil, em 2004, devem
situar-se no mesmo nível do ano anterior, podendo até ocorrer ligeiro acréscimo,
embora já se constate algum atraso e forte dependência do comportamento do
mercado da soja (normatização quanto ao cultivo transgênico, por exemplo), a
principal cultura nacional consumidora de fertilizantes. Figura 1 - Fertilizantes entregues ao consumidor final,
Estado de São Paulo e Brasil, Janeiro de 2002 a Julho de 2004
O consumo efetivo de fertilizantes no Brasil alcançou 22,356 milhões de
toneladas de produto (recorde de quantidade) em 2003, acréscimo de 16,7% frente
às 19,164 milhões de toneladas de produto entregue no ano anterior. A soja foi a
cultura que mais demandou adubos, com a quantidade consumida estimada em 8,428
milhões de toneladas de produto (37,7% do total). Em seguida, aparecem milho
(18,3% do total), cana-de-açúcar (11,6%), café (6,2%) e algodão herbáceo (4,2%).
Essas cinco culturas perfazem 78% da quantidade consumida em 2003. O consumo de
fertilizantes cresceu na maioria das culturas, com destaque para arroz (42,5%),
trigo (30,4%), soja (25,2%) e milho (23,5%), segundo estimativas da Associação
Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
Constatou-se acréscimo nas entregas de fertilizantes ao consumidor final nas
regiões Centro (20,3% de incremento), Sul (12,3%), Nordeste (21,2%) e Norte
(39,6%), de acordo com o critério de regionalização do Sindicato da Indústria de
Adubos e Corretivos Agrícolas (SIACESP). O maior volume de comercialização
ocorreu na maioria dos estados brasileiros, com exceção de Espírito Santo,
Amazonas e Acre.
O Estado de Mato Grosso respondeu pela maior quantidade das entregas de fertilizantes em 2003, com 4,245 milhões de toneladas (aumento de 34% em relação ao ano anterior),
representando 18,6% das entregas totais. Em seguida, figuram São Paulo (14,5%),
Paraná (13,5%), Minas Gerais (12,1%), Rio Grande do Sul (11,6%) e Goiás (9,5%)
(tabela 1).
A partir da década de noventa, São Paulo tem perdido participação no total das
entregas, que declinou de 31,4% para 14,5% no período, apesar de as entregas de
fertilizantes no Estado terem crescido de 2,585 milhões de toneladas em 1990
para 3,296 milhões de toneladas de produto em 2003. Em contrapartida, aumentou a
importância do Mato Grosso no mercado, com evolução de 4,8% para 18,6% entre
1990 e 2003.
A comercialização de fertilizantes em 2003 manteve o típico padrão sazonal, com
a concentração das vendas no segundo semestre, simultaneamente ao plantio das
culturas de verão que recebeu 65,7% do total entregue (figura 1).
Na
quantidade total de fertilizantes entregues no Brasil, a participação das
formulações granuladas, em pó e mistura granulada foi de 74,3% e a dos
fertilizantes simples, de apenas 25,7%.
A produção da indústria nacional foi de 9,24 milhões de toneladas de produto em
2003, quantidade 14,5% superior ao registrado no ano precedente. Observaram-se
incrementos nas quantidades produzidas, em termos de nutrientes, dos
fertilizantes fosfatados (21,3%) e potássicos (3,7%), enquanto se verificou
decréscimo nos nitrogenados (6,7%). No caso das matérias-primas para
fertilizantes, constatou-se maior produção, com exceção da amônia (queda de
10,3%).
Também as importações brasileiras de fertilizantes apresentaram acréscimo de 40%
frente a 2002, somando cerca de 14,679 milhões de toneladas de produto. O
SIACESP estima dispêndio de divisas com produtos intermediários para
fertilizantes de US$1,71 bilhão/FOB e, no caso das matérias-primas para
fertilizantes, em torno de U$303,87 milhões/FOB, no total de US$2,02 bilhões/FOB
(inclui usos não fertilizantes). Os preços dos fertilizantes importados em 2003,
na média, situaram-se, por tonelada, em US$132,40/FOB.
As exportações brasileiras de matérias-primas e produtos intermediários para fertilizantes somaram em torno de 696,9 mil toneladas de produto, com valor de US$123,80 milhões/FOB. Os
principais insumos exportados foram misturas de fertilizantes, amônia anidra e
uréia.
Nos primeiros sete meses de 2004, as entregas de fertilizantes no País
totalizaram 10,21 milhões de toneladas, praticamente o mesmo nível do ano
anterior (acréscimo de 0,5%). Constatou-se incremento nas vendas em alguns
estados como Mato Grosso (14,5%), Mato Grosso do Sul (12,2%), Bahia (23,5%) e
Rio Grande do Sul (5,0%). Porém, diversos estados mostraram retração nas
entregas como São Paulo (12,3%) e Goiás (9,8%).
O Estado de Mato Grosso foi o que absorveu maior quantidade nas entregas (21% do
total), seguido de Paraná (16,6%), São Paulo (12,9%) e Rio Grande do Sul (11,8%)
(tabela 1).
TABELA 1 – Entregas de fertilizantes ao consumidor final,
por Região e Estado, Brasil, 2002-04
(em mil
toneladas de produto)
Região e Estado | | | | |
Região Sul | . | . | . | . |
Rio Grande do Sul | 2.349.530 | 2.646.150 | 1.146.401 | 1.203.727 |
Santa Catarina | 597.963 | 663.950 | 373.955 | 313.152 |
Subtotal | 2.947.493 | 3.310.100 | 1.520.356 | 1.516.879 |
Região Centro | . | . | . | . |
Distrito Federal | 55.586 | 60.988 | 28.826 | 25.761 |
Espírito Santo | 267.161 | 222.911 | 93.456 | 93.027 |
Goiás | 1.754.184 | 2.165.259 | 828.250 | 747.442 |
Mato Grosso | 3.167.294 | 4.245.324 | 1.858.458 | 2.128.846 |
Mato Grosso do Sul | 847.214 | 1.127.645 | 562.022 | 630.687 |
Minas Gerais | 2.387.234 | 2.758.470 | 923.533 | 843.993 |
Paraná | 2.512.515 | 3.087.194 | 1.753.047 | 1.696.886 |
Rio de Janeiro | 46.569 | 58.458 | 30.659 | 21.535 |
São Paulo | 3.151.215 | 3.295.939 | 1.502.895 | 1.318.695 |
Tocantis | 97.293 | 162.642 | 38.438 | 52.581 |
Subtotal | 14.286.265 | 17.184.830 | 7.619.584 | 7.559.453 |
Região Nordeste | . | . | . | . |
Alagoas | 214.236 | 257.234 | 153.820 | 129.205 |
Bahia | 988.778 | 1.155.215 | 436.746 | 539.364 |
Ceará | 25.963 | 34.152 | 19.518 | 19.998 |
Maranhão | 183.214 | 248.639 | 76.841 | 128.454 |
Paraíba | 43.512 | 50.871 | 35.594 | 29.712 |
Pernambuco | 168.996 | 201.500 | 131.316 | 111.399 |
Piauí | 63.371 | 93.284 | 26.401 | 38.463 |
Rio Grande do Norte | 47.099 | 54.634 | 36.516 | 26.134 |
Sergipe | 24.193 | 36.612 | 17.037 | 7.762 |
Subtotal | 1.759.362 | 2.132.141 | 933.789 | 1.030.491 |
Região Norte | 121.148 | 169.161 | 88.751 | 103.351 |
Brasil | 19.114.268 | 22.796.232 | 10.162.480 | 10.210.174 |
De
janeiro a julho de 2004, observou-se queda do poder aquisitivo na compra de
fertilizantes para diversos produtos agrícolas (como laranja, cana-de-açúcar e
feijão), resultado do aumento de preços dos fertilizantes e da queda nas
cotações e conseqüentemente nos preços recebidos pelos agricultores.
A produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes
registrou aumento de 14,7% no referido período, para 5,437 milhões de toneladas,
com incremento, em termos de nutrientes, nos fertilizantes nitrogenados (8,1%) e
nos fosfatados (18,5%). Também as importações brasileiras de fertilizantes
aumentaram, no período, em 18,2% em relação ao ano anterior, perfazendo 8,491
milhões de toneladas. O cloreto de potássio foi o principal produto importado,
respondendo por 41,5% das compras externas, seguido do fosfato mono-amônio-MAP
(14,9%) e do sulfato de amônio (10,5%). No caso das matérias-primas para
fertilizantes, registrou-se incremento de 12,6% no citado período.
Data de Publicação: 08/09/2004
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor