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IqPR de Julho de 2017: queda de 2,21%
O Índice de Preços Recebidos pela
Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a variação dos preços
recebidos pelos produtores paulistas, registrou queda (pelo quarto mês
consecutivo) de 2,21% em julho/2017. Na comparação com junho/2017, o IqPR-V
(grupo de produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) recuaram
2,07% e 2,53% respectivamente (Tabela 1). Nesta mesma tabela são apresentadas
as variações do final de junho/2017 e das quatro quadrissemanas de julho/2017 para os
índices calculados “com a cana-de-açúcar” e “sem a cana-de-açúcar”. Quando a cana-de-açúcar (que em julho
apresentou queda de 2,90% no preço da tonelada no campo) é excluída do cálculo
do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) recuou 1,65%, ou
seja, 0,56 ponto percentual acima do IqPR com cana, e o IqPR-V sem cana variou
negativamente em 0,51%, ou seja, 1,56 ponto percentual acima do IqPR-V com cana
(Tabela 1). O preço da tonelada da cana-de-açúcar continua em queda, apesar do
aumento da quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada de cana verificado
no mês em questão. Desta vez, o que está influenciando essa queda no preço da
tonelada de cana são os preços do açúcar no mercado internacional. Mesmo assim,
a cana apresentou valores superiores em 13,03% em relação ao mesmo período de
2016, consistindo na segunda maior alta para os produtos que compõem o índice. Os produtos do IqPR que apresentaram
elevações nas cotações do mês de julho/2017 em relação a junho/2017 foram, pela
ordem: tomate para mesa (32,46%), trigo (6,53%), soja (5,94%) e arroz (5,12%)
(Tabela 2). Em relação ao tomate para mesa, que
apresentou alta de 32,46% (Tabela 2), o clima adverso (baixas temperaturas) nas
regiões produtoras comprometeu o desenvolvimento dos frutos - maturação lenta.
Isso resultou na redução da oferta do produto maduro, refletindo na majoração
dos preços recebidos pelo produtor no período e cessando as quedas dos últimos
dois meses. Os valores atuais estão 40,59% superiores aos recebidos em julho de
2016, que é a maior valorização dentre todos os produtos. O trigo teve alta de 6,53% (Tabela 2) e
sua pouca oferta (mercado interno) e boa demanda do cereal, associadas a um
comportamento de baixa oferta no mercado internacional, além das incertezas
climáticas nas regiões produtoras, ocasionaram as altas nas cotações do
produto. Apesar da alta de preços no período corrente, o produto apresentou
redução de 20,76% nas suas cotações em relação a igual período de 2016, estando
assim com significativa cotação menor (considerando o produto em questão), que
combinado aos fatores mencionados, indica uma tendência de alta para os
próximos períodos. Já os produtos que apresentaram as
maiores quedas de preços no período foram: feijão (-29,11%), batata (-22,40%),
laranja para indústria (-5,02) e carne bovina (-4,89%) (Tabela 2). Sobre o feijão, que no ano anterior foi
afetado por problemas climáticos, a queda apresentada reflete a entrada regular
da produção de segunda safra neste ano, bem como boas condições, qualidade e
perspectivas até o final de colheita da terceira safra em São Paulo,
principalmente do tipo irrigado. A queda no preço também foi influenciada pela
boa produção de outros estados. O abastecimento de produto de boa qualidade e o
início da colheita de terceira safra em outras regiões podem vir a estabilizar
ou reduzir em algum grau os preços. Nos últimos 12 meses, os produtores
contabilizaram redução de 67,61% nos valores recebidos, sendo a segunda maior
queda dentre os produtos que compõem o índice. Em relação à batata, persistem os
fatores evidenciados no período anterior. A excelente oferta advinda das
regiões produtoras em função do clima favorável, associada a uma demanda de
estável a fraca, impactou (com redução) nos valores recebidos pelos produtores
paulistas. Para os próximos períodos, as
expectativas são de que a oferta se mantenha elevada; assim, a tendência
continua a ser de queda. Os produtores amargam redução de 68,78% nos preços recebidos
pelo tubérculo em relação a julho/2016, que foi maior queda nos últimos 12
meses dentre os produtos do índice. Em resumo, dos 19 produtos analisados no
mês de junho, 9 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 1
de animal) e outros 9 apresentaram queda (6 vegetais e 3 de origem animal),
além de um que não apresentou variação (origem animal: carne de frango). - ACUMULADO DOS ÚLTIMOS
12 MESES No período de agosto/2016 a julho/2017,
o IqPR apresentou a maior alta no mês de março/2016 e a maior queda em
junho/2017, mesmo comportamento para o IqPR-V. O IqPR-A teve o maior aumento no
mês de fevereiro/2017 e maior baixa no mês de janeiro/2017 (Figura 1). O IqPR apresentou variações positivas
nos meses de agosto a setembro/2016, novembro/2016 e fevereiro a março/2016, e
variações negativas em outubro/2016, dezembro/2016 a janeiro/2017 e de abril/2017
a julho/2017 (Figura 1). No acumulado dos
últimos 12 meses (agosto/2016 a julho/2017), o
IqPR (geral) apresentou queda de 0,98%, o IqPR-V (vegetal) subiu 3,71% e o IqPR-A
(animal) teve varia- Apesar de a maioria dos produtos
apresentar queda no acumulado nos últimos 12 meses, o fato da cana-de-açúcar
(que tem grande peso nos índices) ter se valorizado 13,03% impediu uma queda
mais acentuada para o IqPR e números negativos para o Reforçando a análise, apresenta-se a
comparação dos preços de julho/2016 em relação a julho/2017. Ao relacionar os
resultados das variações, observa-se uma grande discrepância (entre número de
produtos com valores negativos e positivos, 14 e 5 produtos respectivamente). Perderam
valor em suas cotações: batata (-68,78%), feijão (-67,61%), milho (-43,50%),
amendoim (-37,65%), banana nanica (-34,04%), trigo (-20,76%), soja Estas quedas observadas em quase todos
os produtos estão contribuindo para manter os índices inflacionários em um
patamar baixo. O IPCA-IBGE (índice que mede a inflação para as famílias) de
julho de 2017 subiu 0,24%, e o sub-item “Alimentação no domicílio” recuou 0,81%3. ___________________________________________________________________ 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/07/2017 a 31/07/2017 e base = 01/06/2017 a 30/06/2017. 2Artigo completo
com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: ago.
2017. 3Resultados por
subitem: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Banco de dados. Rio de Janeiro: IBGE,
2017. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Precos_Indices_de_Precos_ao_Consumidor/IPCA/Resultados_por_Subitem/ipca_201707Subitem.zip>. Acesso em: ago. 2017. Palavras-chave: IqPR, índice,
preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
ção negativa de 12,23% no acumulado (Tabela 1 e Figura 2).
IqPR-V. Já o IqPR-A, que não sofre influência da cana-de-açúcar (afinal é um
vegetal), fechou com valor negativo expressivo no período.
(-19,97%), carne bovina (-19,20%), laranja para indústria (-15,32%), carne de
frango
(-15,25%), café (-10,00%), arroz (-7,44%), laranja para mesa (-5,92%) e leite
cru refrigerado (-0,97%). Apresentaram variações positivas: tomate para mesa
(40,59%), cana-de- -açúcar
(13,03%), carne suína (6,78%), algodão (4,60%) e ovos (1,25%) (Tabela 2).
Data de Publicação: 30/08/2017
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Katia Nachiluk (katia.nachiluk@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ana Victoria Vieira Martins Monteiro (ana.monteiro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor