O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, em 10 de maio de 2002, o relatório mensal sobre Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial, com o primeiro levantamento de previsão da safra 2002/03 de milho dos Estados Unidos e de outros países, inclusive do Brasil.
            Segundo o levantamento, o quadro de suprimento mundial de milho para o ano-safra 2002/03 (cujo plantio está neste momento se realizando nos países do Hemisfério Norte e vai se realizar nos últimos meses do ano nos países do Hemisfério Sul) indica uma conjuntura de preços maiores que os da safra corrente. Com efeito, o crescimento previsto da produção mundial para 615 milhões de toneladas não será suficiente para compensar a diminuição seguida dos estoques iniciais, a fim de que se eleve a oferta total mundial. Esta, ao contrário, prossegue em queda, enquanto o consumo mundial cresce (para 2002/03, é estimado um volume de 625,7 milhões de toneladas). Em conseqüência, os estoques finais seguem em declínio, prevendo-se retração de 8,6% em 2002/03. Trata-se, portanto, de uma conjuntura de elevação de preços do milho no mercado externo (tabela 1).
            Os Estados Unidos deverão aumentar a produção em 4,5%, atingindo 252,4 milhões de toneladas, o que corresponde à segunda maior colheita da história. Este aumento se deve à expansão de área (de 4,7%), que passa a ser de 29,2 milhões de hectares, compensando a redução prevista da produtividade (de 0,2%), passando a 8.654 quilos por hectare.
            A recente decisão do governo norte-americano, aprovando a nova Lei Agrícola (Farm Bill 2002), dá continuidade ao programa de subsídios aos agricultores, incluindo-se os produtores de milho, que são estimulados a aumentar a área de plantio do cereal. Com o consumo interno em expansão e a recuperação do mercado externo, os estoques finais deverão cair pelo segundo ano consecutivo.
            A China, segundo maior produtor de milho com 120 milhões de toneladas, deverá prosseguir a tendência de aumento da produção desde 2000/01. Esta não será suficiente, porém, para incrementar a oferta interna, cujo volume em 2002/03 deve cair 4,7%, enquanto o consumo no país cresce, diminuindo os excedentes exportáveis. Em conseqüência, os estoques finais prosseguirão em queda.
            A Argentina, o segundo maior exportador de milho, em razão da crise político-econômica interna, deverá reduzir pelo terceiro ano consecutivo a sua produção, atingindo 11 milhões de toneladas em 2002/03. Desta vez a queda da produção dar-se-á não apenas pela retração da área plantada, mas também pela menor produtividade esperada, em face do menor uso de tecnologia na cultura. A exportação deve continuar caindo, com o país perdendo mercado para o principal concorrente, os Estados Unidos.
            O relatório do USDA inclui o Brasil no quadro de suprimento de milho, a partir do ano-safra 2000/01. Segundo o documento, a produção brasileira da safra corrente (2001/02) está estimada em 35 milhões de toneladas e, a de 2002/03, em 38,5 milhões de toneladas, o que corresponde a aumento de 10%. Prevê-se que esse incremento de produção deve ser tanto por expansão de área plantada (de 12 para 13 milhões de hectares) como por pequeno aumento de produtividade (de 2.920 kg/ha para 2.960 kg/ha).

TABELA 1 - Estimativa de Oferta e Demanda de Milho: Total Mundial, Estados Unidos, China, Argentina e Brasil, 1999/00 a 2002/03