Artigos
Máquinas Agrícolas Automotrizes: Estímulos Para A Renovação Da Frota Do Agronegócio Brasileiro
No
período de janeiro a agosto de 2002, a produção de máquinas agrícolas
automotrizes teve incremento de 16,8% em relação ao mesmo período de 2001,
enquanto as exportações e as vendas no mercado interno cresceram 22% e 19,2%,
respectivamente (tabela 1).
Tabela 1 - Produção, vendas e exportação de máquinas agrícolas automotrizes,
Brasil, 2000 e 2001, e janeiro a agosto de 2001 e 2002
(em unidade)
Item | | | | | | |
(a) | (b) | | | |||
Trator de roda | ||||||
Produção | 27.546 | 34.781 | 22.592 | 26.173 | 26,3 | 15,9 |
Vendas no mercado interno | 24.591 | 28.203 | 18.096 | 21.184 | 14,7 | 17,1 |
Exportação | 3.455 | 5.814 | 4.166 | 5.294 | 68,3 | 27,1 |
Total das vendas | 28.046 | 34.017 | 22.262 | 26.478 | 21,3 | 18,9 |
Colhedoras | ||||||
Produção | 4.296 | 5.196 | 3.057 | 3.986 | 20,9 | 30,4 |
Vendas no mercado interno | 3.780 | 4.098 | 2.314 | 3.267 | 8,4 | 41,2 |
Exportação | 683 | 1.202 | 796 | 770 | 76,0 | -3,3 |
Total das vendas | 4.463 | 5.300 | 3.110 | 4.037 | 18,8 | 29,8 |
Máquinas agrícolas1 | ||||||
Produção | 35.501 | 44.339 | 28.826 | 33.668 | 24,9 | 16,8 |
Vendas no mercado interno | 31.062 | 35.523 | 22.621 | 26.968 | 14,4 | 19,2 |
Exportação | 5.270 | 8.246 | 5.747 | 7.012 | 56,5 | 22,0 |
Total das vendas | 36.332 | 43.769 | 28.368 | 33.980 | 20,5 | 19,8 |
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).
Entre janeiro e agosto de 2002, foram produzidas 26.173 unidades de tratores de rodas, representando incremento de 15,9% frente ao mesmo período de 2001. O principal destaque no mercado de tratores foi o desempenho nas exportações dessas máquinas, que aumentaram 27,1% no mesmo período. Por sua vez, o mercado de colhedoras, embora igualmente bastante favorável à produção e vendas, apresentou ligeiro declínio nas exportações (-3,3%), refletindo a dificuldade que as empresas têm encontrado em retomar negócios com a Argentina, principal cliente do segmento.
Os sucessivos incrementos de produção, vendas no mercado interno e exportações
de máquinas agrícolas refletem um conjunto de fenômenos econômicos: a)
existência de linha de financiamento específica para a aquisição de máquinas
agrícolas automotrizes com taxas de juros fixos anuais, abaixo da já favorável
taxa praticada pelo BNDES nas linhas do Finame; b) elevação das cotações de
algumas commodities; c) investimentos das principais montadoras de máquinas
agrícolas na atualização tecnológica de seus produtos e lançamento de novos
modelos; e d) a desvalorização cambial, que estimula o esforço de nacionalização
dos componentes importados, a inclusão definitiva da dinâmica exportadora no
centro das estratégias empresarias dos fabricantes e o interesse dos produtores
na renovação tecnológica de seu parque de máquinas.
Considerando o período de janeiro de 2000 a agosto de 2002, as vendas de
máquinas agrícolas indicam ajuste de tendência positiva para o número de
unidades comercializadas. Esse fortalecimento é perfeitamente aderente à
política de crédito praticada pelo Moderfrota, que após seu lançamento vem
incrementando os montantes disponíveis para o programa (figura 1).
Brasil, janeiro-agosto de 2002
Fonte: ANFAVEA, setembro de 2002
Diante da possibilidade real de alteração na política governamental a partir das eleições de outubro, crê-se que devam ser sugeridos melhorias e aprimoramentos do programa. O momento atual é de elevação nas cotações de algumas das principais commodities, permitindo que o próprio setor, notadamente aquele formado pelas pessoas jurídicas que aderem ao programa (empresários rurais), possa adquirir suas máquinas independentemente da política de subvenção da taxa de juros.
Dessa forma, é de se supor que as empresas rurais, por exemplo, não se
constituam no público mais necessitado da sociedade brasileira. A alternativa,
nesse caso, seria a de baixar os patamares de faturamento estabelecidos pelo
Moderfrota para a segmentação dos beneficiários de perfil empresa jurídica
(8,75% de taxa anual para produtores com faturamento anual de R$ 250 mil e
10,25% para produtores acima daquele patamar), encaminhando aqueles que não se
enquadrassem para o Finame. As classes atuais são apresentadas abaixo:
Tabela 2 – Classes de empresas rurais para contratação de financiamento
junto ao Finame (rural e especial)
Classe de empresa rural | | | agente financeiro |
Até R$ 10 milhões | TJLP | 1% | 52% a 6% |
De R$ 10 a R$ 60 milhões | TJLP | 3% | - |
Acima de R$ 60 milhões | TJLP (80%) + cesta de moeda
(20%) | 3% | Risco cambial |
Data de Publicação: 24/09/2002
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor