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Café: preços permanecem estáveis
A
estabilidade prevaleceu em março, apesar das flutuações na tendência do preço do
café no mercado internacional, mantendo o patamar das cotações médias do produto
observado desde janeiro, embora tenha-se verificado comportamento irregular nos
preços médios mensais nos diferentes mercados. Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes
mercados de futuros e do OIC-Composto diário, 2002 a 2004
Na Bolsa de Nova Iorque, por exemplo, o café arábica (Contrato C, segunda
posição de maio de 2004) teve alta de apenas 0,16% na cotação média do mês em
relação à média de fevereiro último. No mercado de robusta da Bolsa de Londres,
a tendência de queda no preço continuou, atingindo -3,64%. Na BM&F,
constatou-se leve redução (0,23%) para o arábica, indicando tendência de
estabilidade em março. Considerando o indicador OIC-Composto diário, observou-se
alta modesta (1,71%) frente a fevereiro (gráfico 1).
Fonte: Gazeta Mercantil
No decorrer do mês de março, as cotações dos cafés arábicas, contrato C, para maio, na Bolsa de Nova Iorque, mostraram-se muito especulativas, indicando ligeira mudança no patamar dos preços do produto, sem no entanto reforçar a tendência altista (gráfico 2). A média das cotações para maio, observadas em março, foi praticamente igual à de fevereiro.
Gráfico 2 - Cotações diárias em março de 2004 na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, para maio de 2004
Fonte: Gazeta Mercantil
Finalmente, considerando as altas nas cotações de café nos mercados de futuros
nos últimos 12 meses, verificou-se aumento acumulado nas cotações mensais do
café arábica, de 40,29% na BM&F, de 26,33% na Bolsa de Nova Iorque e de
22,54% no OIC composto. Para o robusta, ao contrário, observou-se queda
acumulada de 2,18% na Bolsa de Londres.
O cafeicultor brasileiro vem recebendo preços estáveis desde a alta de janeiro
de 2004, com o impacto das cotações no mercado internacional do café, mesmo
enfrentando um real valorizado. O preço médio recebido pago ao produtor
apresentou elevação de 1,03% em relação ao de fevereiro. A trajetória dos preços
recebidos pelos produtores (em reais), nos últimos 12 meses, aponta para uma
alta de 22,74% (gráfico 3).
Gráfico 3 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café Arábica no Estado de São Paulo, período de 2001 a 2004
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Política setorial: novas deliberações
O
Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a liberação de R$ 400 milhões do
FUNCAFÉ para o financiamento da colheita e estocagem da safra deste ano. Os
recursos serão emprestados a juros de 9,5% ao ano, no limite de R$ 600,00 por
hectare e de R$ 100.000,00 por produtor, com prazo para quitação de até 90 dias
a partir do término da colheita. Será permitido o alongamento do prazo de
reembolso da operação de colheita em condições idênticas às estabelecidas para o
financiamento de estocagem, em uma única operação. Os beneficiários desse
empréstimo são os produtores e as cooperativas de produtores. O objetivo destes
recursos é dar suporte à nova safra e permitir que os produtores programem a
comercialização.
O Ministério da Agricultura (MAPA)1 anunciou
também a concessão de crédito para a comercialização dos cafés arábica e
robusta, referente à colheita do ano agrícola 2003/04, na forma de uma Linha
Especial de Crédito (LEC) cujos recursos são os obrigatórios do crédito rural
(MRC 6.2), aplicados atualmente à taxa de 8,75% ao ano. Os beneficiários são os
produtores rurais, suas cooperativas, beneficiadores, indústrias e cooperativas
de produtores rurais que processem e industrializem o produto.
Os financiamentos serão feitos com base nos preços mínimos vigentes. O prazo de
contratação é até 31/12/2004 e o prazo de resgate, de até 180 dias, com
vencimento máximo em 31 de março de 2005, podendo ser estabelecidas amortizações
intermediárias, a critério dos agentes financeiros. O limite de financiamento é
de até R$ 140.000,00 por produtor ou indústria. O objetivo é contribuir para
maior liquidez na comercialização da colheita que está prestes a se iniciar.
Capacidade de produção solúvel ampliada
A
expansão da fábrica de café solúvel da Nestlé, em Araras (SP), inaugurada neste
mês, permitirá um crescimento de 72% na capacidade de produção, que será
destinada integralmente às exportações. A demanda por matéria-prima será
incrementada em 600 mil sacas por ano, permitindo dobrar as exportações por
parte da empresa e elevar as vendas externas totais do setor.
Tal iniciativa contribui decisivamente para a agregação de valor ao negócio café
brasileiro, pois por meio do solúvel obtém-se mais que o dobro do valor unitário
nas exportações em relação ao café verde. Ademais, ao enxugar o mercado nesse
volume de processamento estimado, os cafeicultores podem beneficiar-se do
relativo aumento da competição por seu produto, o que pode gerar novas pressões
altistas sobre o mercado do verde.
Café para todos os gostos
A Companhia Brasileira de Distribuição – CBD (supermercados Pão de Açúcar e Barateiro, hipermercados Extra e o Extra Eletro)2 elegeu 2004 como o ano em que a categoria café será o foco de seus esforços. A estratégia é converter os produtos de café num item cada vez mais próximo daquilo que já se observa com os vinhos. Novos desenhos de prateleiras, uma exposição destacada, abuso nas cores e iluminação, ampla diversidade de produtos e educação permanente do consumidor formam o rol de ações que este distribuidor conduzirá ao longo do ano.
1 MAPA: www.agricultura.gov.br
2 CBD: www.cbd-ri.com.br
Data de Publicação: 07/04/2004
Autor(es):
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor