Artigos
Feijão: Entressafra Em Outubro Com O Fim Da Safra De Inverno
Em
setembro, os preços no mercado de feijão no Estado de São Paulo tiveram pequena
queda em relação ao mês anterior, tanto no âmbito do produtor quanto como no do
atacado, segundo levantamento efetuado pelo IEA/CATI . No Escritório de
Desenvolvimento Regional (EDR) de Itapeva, os preços diários recebidos pelos
produtores de feijão são mais elevados que no EDR de Presidente Prudente. As
médias nesses EDRs, em setembro, ficaram em R$58,53 e R$52,05 a saca de 60
quilos, respectivamente. O preço modal do feijão Carioquinha tipo 1 na cidade de
São Paulo também teve pequena queda em setembro, ficando em R$67,46/sc 60 kg,
contra R$64,26 de agosto (Figura 1).
Os preços médios mensais recebidos pelos produtores paulistas neste ano, sempre
acima de R$50,00/sc, estão declinando desde março, quando ocorreu o pico de
R$72,00/sc. Este aumento foi devido à severa estiagem ocorrida nas regiões
produtoras, nos primeiros meses do ano, e se estendeu por cerca de cinco meses,
principalmente na Bahia, grande produtora de feijão tanto da primeira como da
segunda safra no país (Figura 2).
A elevação nos preços de feijão ocorreu também, e principalmente, no varejo da
cidade de São Paulo. Tendo iniciado o ano em R$1,63/kg, esses preços atingiram
R$2,37/kg em agosto, refletindo em grande parte a elevação no preço de feijão
preto neste ano. Considerando o período de janeiro a agosto, a média de preço no
varejo ficou em R$2,00/sc neste ano, em comparação com R$1,50 do ano anterior,
uma elevação de 33% (Figura 3).
A geada tardia, ocorrida, em meados de setembro, em várias regiões produtoras no
Sul do País, não teve ainda reflexos significativos no mercado, mas poderá
influenciar os preços nos próximos meses, principalmente em outubro, mês
tipicamente de entressafra, e em novembro, início da colheita de feijão das
águas nos anos normais. É que nos Estados afetados (Rio Grande do Sul, Paraná e
Santa Catarina) algumas áreas com a cultura estavam na fase de floração,
retardando portando o início da colheita nessas regiões.
Apesar de não ter dados conclusivos quanto aos danos causados pela geada nas
culturas de feijão em desenvolvimento, os levantamentos preliminares indicam
perdas de 5 mil hectares em Guarapuava e 4 mil hectares em Francisco Beltrão,
ambos no Paraná, e de cerca de 4 mil hectares em Chapecó (SC), além de perdas
nas partes plantadas nos municípios da região de Frederico Westphalen no Rio
Grande do Sul.
Uma notícia auspiciosa para os produtores de feijão no Estado de São Paulo é o
lançamento da nova variedade de feijão Tybatã pelo Instituto Agronômico
(IAC-APTA). Trata-se de feijão do tipo Carioca, que foi desenvolvido pela
instituição em 1969, hoje um grande sucesso. Segundo Sérgio Augusto M.
Carbonell, pesquisador do IAC e um dos criadores da variedade, a cultivar é mais
uma opção de material Carioca com alto potencial produtivo, acima de 3.000
quilos por hectare, dependendo da tecnologia adotada, das condições de cultivo e
do local/época de cultivo, caracterizada pela alta produtividade, porte
favorável à colheita e por resistência às principais doenças do feijoeiro como
antracnose e vírus do mosaico comum. A produção de sementes desta variedade está
sendo intensificada pelo IAC para atender à demanda inicial dos produtores, com
o lançamento previsto ainda este ano.
Em outubro, normalmente ocorre a entressafra na cultura de feijão, uma vez que
praticamente já se encontra encerrada a colheita da safra de inverno e é mínima
a incidência de colheita da safra das águas. Neste ano, é possível que a
entressafra fique mais caracterizada com a perspectiva de perdas em algumas
áreas de florescimento mais precoces, causadas pela geada de setembro nas
regiões produtoras da primeira safra de feijão 2001/02, com reflexos nos preços
dos vários segmentos do mercado nos meses de outubro e novembro.
Data de Publicação: 04/10/2001
Autor(es):
Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
Humberto Sebastiao Alves (hsalves@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor