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Caqui: Uma Opção Para A Produção Familiar No Estado De São Paulo
O
caqui, originário da Ásia, é encontrado em regiões de clima temperado e
subtropical, frutificando de fevereiro a abril e mais tardiamente até junho.
A cultura foi introduzida em São Paulo em 1890, aclimatando-se muito bem no
Brasil, mas a sua expansão só ocorreu a partir de 1920, com a chegada dos
imigrantes japoneses que trouxeram outras variedades e domínio da produção. De
clima subtropical, o caquizeiro perde as folhas completamente no inverno. E,
mesmo não sendo muito exigente com relação ao frio, sua produção melhora
consideravelmente nos anos de inverno mais intenso. A árvore suporta bem o
calor, desde que o inverno seja frio e ocorra na época certa. Por esta razão ela
se dá tão bem em São Paulo, no Paraná, no Rio Grande do Sul e nas regiões altas
de Minas Gerais e do Espírito Santo.
A produção do caqui está presente no Sul, Sudeste e em algumas partes do Brasil
Central. Mais da metade dessa produção, porém, é proveniente dos grandes pomares
existentes no Estado de São Paulo, especialmente nas regiões de Vale do Paraíba,
Campinas, Sorocaba e Grande São Paulo (município de Mogi das Cruzes),
destinando-se, principalmente, ao mercado interno.
No Brasil, são cultivadas basicamente três grandes tipos de caqui: os taninosos
ou sibugaki, de coloração quase vermelha e que necessitam de tratamento especial
após a colheita para se tornarem comestíveis, pois deixam na boca uma sensação
adstringente ruim em virtude do excesso de tanino que possuem em sua composição;
os amagaki, doces ou não taninosos, de polpa firme e mais amarelos quando
maduros, que podem ser consumidos sem nenhum tratamento; e os variáveis, tanto
de polpa amarela, sem sementes nem tanino, quanto de polpa escura com sementes e
tanino.
A fruta tem forma esférica, levemente achatada, de coloração alaranjada,
amarelo-clara, amarelo-escura e roxo-clara . Qualquer que seja a variedade
considerada, o fruto do caquizeiro é quase só polpa. De aparência gelatinosa e
fria, concentrando boas quantidades de caroteno (vitamina A) e vitaminas dos
complexos B e C, a polpa do caqui é constituída basicamente de mucilagem e
pectina, responsáveis pela aparência característica da fruta. O seu teor de
açúcar, que varia entre 14 e 18%, supera o da maioria das frutas de consumo
popular.
De acordo com a Fundação IBGE, em 2000, o caqui contribuiu com R$ 47,8 milhões
no valor da produção agrícola brasileira e com R$ 26,7 milhões no da produção
paulista, ou seja, 55,8% do total. Apesar destes valores significarem uma
pequena participação quando comparados com o valor da produção vegetal e animal,
a atividade apresenta-se como opção interessante de mercado para produtores
familiares (tabela 1).
O caqui tem sido cultivado em pequenas áreas (de acordo com dados do LUPA,
1995/96, em média, 3,95 hectares), adequadas à exploração familiar. A atividade
envolve os componentes da família e utiliza trabalhadores temporários em época
de safra.
Tabela 1 - Quantidade produzida e valor da produção para a cultura do Caqui no Brasil, 2000
Unidade da Federação | Quantidade (mil frutos) | Valor da produção (Mil Reais) |
Brasil | 633.004 | 47.794 |
São Paulo | 369.613 | 26.725 |
Rio Grande do Sul | 107.599 | 9.249 |
Paraná | 85.818 | 4.720 |
Rio de Janeiro | 48.592 | 4.784 |
Minas Gerais | 12.123 | 1.491 |
Santa Catarina | 8.519 | 660 |
Bahia | 500 | 105 |
Espírito Santo | 240 | 60 |
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
O
último censo agropecuário do IBGE (1995/96) indica uma área colhida de 5.766
hectares, cuja produtividade varia de 30 mil a 45 mil frutos por hectare. No
período 1996-99, a produção nacional de caqui cresceu 22,0% (de 94.560 para
115.372 toneladas). A cultura está presente principalmente na região Sudeste,
onde se destaca o Estado de São Paulo com 52,0 % da produção total. Rio Grande
do Sul (18,2%), Rio e Janeiro (14,2%) e Paraná (12,9%) são outros estados com
participação significativa no volume produzido.
Dados do levantamento IEA/CATI indicam, para São Paulo, uma produção superior à
constatada no levantamento do IBGE. Em 2000, o Estado atingiu o volume de 83,3
mil toneladas, através da exploração de 3.400 hectares .
A cultura encontra-se bastante difundida em São Paulo, embora cerca de 69% do
total estejam concentrados na microrregião de Mogi das Cruzes. Identificam-se,
também, como pólos produtores as microrregiões de Campinas, Jundiaí, Bragança
Paulista , São José dos Campos e Avaré (Produção Muncipal Agrícola, do IBGE de
2000)
No entreposto comercial da CEAGESP, são comercializadas principalmente as
variedades Taubaté e Chocolate, em geral no período de janeiro a maio, e Fuyu e
Rama Forte, de fevereiro a junho. No período de novembro a dezembro, encontra-se
no mercado alguma produção do caqui Chocolate. Normalmente, são embaladas em
caixas de papelão com 8-10 unidades para a venda ao consumidor. Nos entrepostos
atacadistas, existem embalagens de caixa de 4,5 kg, 8kg e 26kg , com
predominância para as menores.
A região produtora de Mogi das Cruzes vem explorando de forma crescente as
variedades Rama Forte e Giombo. Estas variedades são do tipo taninoso, que
apresentam, porém, vantagens de alta produtividade e alto teor de açúcar (ou
grau brix), quando maduras. Grande parte da produção local é vendida nos
mercados atacadistas ou enviada para o Nordeste do país. A região de São Miguel
Arcanjo planta principalmente a variedade Fuyu, do tipo doce, que é preferida
pelos consumidores de outros países.
A produção brasileira destina-se praticamente ao mercado interno. Com a recente
padronização viabilizada pelo Programa Horti&Fruti Padrão, porém, o produtor
brasileiro tem buscado os mercados do Canadá e da Espanha. A padronização também
facilitou os canais de comercialização via telefone e internet através de balcão
de negócios.
Como pontos fracos do mercado de caqui, podem citar-se: a) a fragilidade da
fruta que obriga o acondicionamento em embalagens de papelão descartáveis; e b)
a ausência de padronização completa para a classificação. Para envio a outros
estados distantes do local de produção, há necessidade de, em primeiro lugar,
acondicionar o produto em caixas de madeira com filme plástico para proteção e,
quando se chega ao local, transferir as frutas para caixas de papelão.
Normalmente, quando chegam ao varejo as frutas nem sempre estão adequadamente
acondicionadas, assim como as embalagens nem sempre apresentam informações sobre
origem, características, classificação, categoria, classe e subgrupo e a data da
embalagem.
Data de Publicação: 29/04/2002
Autor(es):
Geni Satiko Sato (sato@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Roberto de Assumpçao (rassumpçao@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor